TENTAÇÕES E VIRTUDE
Quando a criatura retém enorme fortuna,
podendo claramente desmandar-se na avareza, aplicando-se tão-só ao gozo
pessoal, e procura utiliza-la no progresso e no bem-estar dos semelhantes...
Quando a pessoa dispõe de
autoridade para manejar, em seu exclusivo proveito, a influência de que
desfruta, mas, ao invés disso, busca emprega-la no auxílio aos outros...
Quando um homem ofendido se vê
com meios suficientes para vingar-se, pela forma que julgue mais razoável, e
perdoa de coração a ofensa recebida, reconhecendo-se igualmente passível de
errar...
Quando alguém já fez por outrem
todos os benefícios que se lhe faziam possíveis, recolhendo invariavelmente a
incompreensão por resposta, e prossegue amparando esse alguém, na medida de
seus recursos, sem exigência e sem queixa...
Em verdade, semelhantes
companheiros terão vencido as maiores tentações que lhes assediavam a vida.
Todos nós – espíritos ainda em
evolução regate – somos experimentados nos temas do caminho terrestre, em cuja
vivência temos caído de outras vezes...
Isso acontece, porque, em muitas
circunstâncias, as nossas provações assumem na escola humana a forma de testes
indispensáveis.
Há quem renasça ostentando
atrações físicas para superar a inclinação para o desregramento; portando um
cérebro privilegiado para vencer a vaidade da inteligência; retendo múltiplas
titulações acadêmicas para subjugar a propensão para o abuso; exercendo
encargos difíceis, em causas nobres da Humanidade, para extinguir o impulso de
traição ou deslealdade.
Cada um de nós, onde esteja, é
examinado pela Vida Superior, nas tendências inferiores nas quais já faliu em
existências passadas, e apenas conseguiremos a vitória sobre nós mesmos, quando
repetirmos as operações do bem sobre o mal que nos procure, tantas vezes
quantas sejam necessárias, mesmo além do débito pago ou da mancha extinta.
Fácil, por isso, reconhecer que
sem o toque da tentação a virtude realmente não aparece, e assim será sempre,
de vez que toda inocência será levada, hoje, amanhã ou depois, ao cadinho da
luta, a fim de que não permaneça na condição de flor improdutiva no vaso lindo,
mas inútil, da ingenuidade.
RUMO CERTO
EMMANUEL
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.
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