A
BRANDURA
Andradina América de Andrada E Oliveira*
Asserena-te e vara a desventura
No caminho de dor, áspero e azedo;
Serenidade – o lúcido segredo
Em que a vida se eleva e transfigura.
Tudo cresce na força da brandura.
A água desgasta os punhos do rochedo ;
Olha a chuva cantando no arvoredo,
A transfundir-se em pão, bondosa e pura.
De coração batido e lodo à face,
Inda que o fel da injúria te traspasse,
Semeia o bem que as mágoas alivia...
Mesmo trazendo o peito por cratera,
Suporta, ampara e crê, ajuda e espera,
Que amanhã será sempre novo dia.
(*) Poetisa, contista, romancista,
iniciou sua vida literária, quase menina, conforme afirma sua filha Lola de
Oliveira em Minha Mãe!, escrevendo em inúmeros periódicos sul-riograndenses.
Foi também teatróloga e aplaudida conferencista. Professora pela Escola Normal
de Porto Alegre, com distinção em todas as matérias, a poetisa de Folhas Mortas
lecionou em cursos particulares, em várias cidades gaúchas, depois de nove anos
dedicados ao magistério público. Fundou um jornal literário feminino, O
Escrínio, mais tarde transformado em revista ilustrada, e formou, segundo
Antônio Carlos Machado, entre as maiores feministas brasileiras de sua época.
De 1920 até à sua desencarnação, residiu na capital paulista. (Porto Alegre,
Rio Grande do Sul, 12 de Junho de 1878 – S. Paulo, 19 de Junho de 1935.)
BIBLIOGRAFIA: Folhas Mortas; Preludiando, contos; Cruz de
Pérolas, contos ; etc.
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