Casimiro
Os sinais da renovação
Ante a assembleia
familiar, o Mestre tomou a palavra e falou, persuasivo:
— E quando o Reino Divino
estiver às portas dos homens, a alma do mundo estará renovada.
O mais poderoso não será o
mais desapiedado e, sim, o que mais ame.
O vencedor não será aquele
que guerrear o inimigo exterior até à morte em rios de sangue, mas o que
combater a iniquidade e a ignorância, dentro de si mesmo, até à extinção do
mal, nos círculos da própria natureza.
O mais eloquente não será
o dono do mais belo discurso, mas, sim, o que aliar as palavras santificantes
aos próprios atos, elevando o padrão da vida, no lugar onde estiver.
O mais nobre não será o
detentor do maior número de títulos que lhe conferem a transitória dominação em
propriedades efêmeras da Terra, mas aquele que acumular, mais intensamente, os
créditos do amor e da gratidão nos corações das mães e das crianças, dos velhos
e dos enfermos, dos homens leais e honestos, operosos e dignos, humildes e
generosos.
O mais respeitável não
será o dispensador de ouro e poder armado e, sim, o de melhor coração.
O mais santo não será o
que se isola em altares do supremo orgulho espiritual, evitando o contato dos
que padecem, por temer a degradação e a imundície, mas, sim, aquele que descer
da própria grandeza, estendendo mãos fraternas aos miseráveis e sofredores,
elevando-lhes a alma dilacerada aos planos da alegria e do entendimento.
O mais puro não será o que
foge ao intercâmbio com os maus e criminosos confessos, mas aquele que se
mergulha no lodo para salvar os irmãos decaídos, sem contaminar-se.
O mais sábio não será o
possuidor de mais livros e teorias, mas justamente aquele que, embora saiba
pouco, procura acender uma luz nas sombras que ainda envolvem o irmão mais
próximo...
O Amigo Divino pousou os
olhos lúcidos na noite clara que resplandecia, lá fora, em pleno coração da
Natureza, fêz longo intervalo e acentuou:
— Nessa época sublime, os
homens não se ausentarão do lar em combate aos próprios irmãos, por exigências
de conquista ou pelo ódio de raça, em tempestades de lágrimas e sangue, porquanto
estarão guerreando as trevas da ignorância, as chagas da enfermidade, as
angústias da fome e as torturas morais de todos os matizes... Quando o arado
substituir o carro suntuoso dos triunfadores, nas exibições públicas de
grandeza coletiva; quando o livro edificante absorver o lugar da espada no
espírito do povo; quando a bondade e a sabedoria presidirem às competições das
criaturas para que os bons sejam venerados; quando o sacrifício pessoal em proveito
de todos constituir a honra legítima da individualidade, a fixa de que a paz e o
amor não se percam, dentro da vida — então uma Nova Humanidade estará no berço
luminoso do Divino Reino...
Nesse ponto, a palavra
doce e soberana fez branda pausa e, lá fora, na tepidez da noite suave, as
estrelas fulgentes, a cintilarem no alto, pareciam saudar essa era distante...
JESUS NO LAR
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
DITADO PELO ESPÍRITO NEIO
LÚCIO
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