FAMÍLIA
A
família consanguínea, entre os homens, pode ser apreciada como o centro
essencial de nossos reflexos. Reflexos agradáveis ou desagradáveis que o
pretérito nos devolve.
Certo,
não incluímos aqui os Espíritos pioneiros da evolução que, trazidos ao ambiente
comum, superam-no, de imediato, criando o clima mental que lhes é peculiar,
atendendo à renovação de que se fazem intérpretes.
Comentamos
a nossa posição no campo vulgar da luta.
Cada
criatura está provisoriamente ajustada ao raio de ação que é capaz de
desenvolver ou, mais claramente, cada um de nós apenas, pouco a pouco, ultrapassará
o horizonte a que já estenda os reflexos que lhe digam respeito.
O
homem primitivo não se afasta, de improviso, da própria taba, mas aí renasce
múltiplas vezes, e o homem relativamente civilizado demora-se longo tempo no
plano racial em que assimila as experiências de que carece, até que a soma de
suas aquisições o recomende a diferentes realizações.
É
assim que na esfera do grupo consanguíneo o Espírito reencarnado segue ao
encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se
lhe caracterizam as tendências.
A
chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural
aglutinação dos espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações.
Um
grande artista ou um herói preeminente podem nascer em esfera estranha aos sentimentos
nos quais se avultam. É a manifestação do gênio pacientemente elaborado no bojo
dos milênios, impondo os reflexos da sua individualidade em gigantesco trabalho
criativo.
Todavia,
na senda habitual, o templo doméstico recine aqueles que se retratam uns nos
outros.
Uma
família de músicos terá mais facilidade para recolher companheiros da arte
divina em sua descendência, porque, muita vez, os Espíritos que assumem a
posição de filhos na reencarnação, junto deles, são os mesmos amigos que lhes
incentivavam a formação musical, desde o reino do Espírito, refletindo-se
reciprocamente na continuidade da ação em que se empenham através
de séculos numerosos.
É
ainda assim que escultores e poetas, políticos e médicos, comerciantes e
agricultores quase sempre se dão as mãos, no culto dos melhores valores afetivos,
continuando-se, mutuamente, nos genes familiares, preservando para si mesmos,
mediante o trabalho em comum e segundo a lei do renascimento, o patrimônio
evolutivo em que se exprimem no espaço e no tempo. Também é ar, de conformidade
com o mesmo principio de sintonia, que vemos dipsõmanos e cleptomaníacos, tanto
quanto delinquentes e enfermos de ordem moral, nascendo daqueles que lhes
comungam espiritualmente as deficiências e as provas, porquanto muitas
inteligências transviadas se ajustam ao campo genético daqueles que lhes atraem
a companhia, por força dos sentimentos menos dignos ou das ações deploráveis
com que se oneram perante a Lei.
A
tara familiar, por esse motivo, é a resultante da conjunção de débitos, situando-nos
no plano genético enfermiço que merecemos, à face dos nossos compromissos
com o mundo e com a vida. Dessa forma, somos impelidos a padecer o retorno dos
nossos reflexos tóxicos através de pessoas de nossa parentela,
que no-los devolvem por aflitivos processos de sofrimento.
Temos
assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos
tecer, por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de
constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês
inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos
desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade, recursos
novos com que faremos nova produção de reflexos espirituais, suscetíveis de
anular os efeitos de nossa conduta anterior, conturbada e infeliz.
PENSAMENTO
E VIDA
FRANCISCO
CÂNDIDO XAVIER
DITADO
PELO ESPÍRITO EMMANUEL
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