O Esquecimento
O companheiro recém desencarnado,
após o natural período de refazimento que se segue à liberação do corpo físico,
analisava as suas próprias condições no Mundo Espiritual.
Havia militado no
Espiritismo. Orador fluente, arrebanhara corações para a fé. Escrevera artigos
substanciosos. Possuíra vasta biblioteca. Polemizara em defesa da Causa.
Fizera-se admirado e aplaudido por muitos.
No entanto, experimentava
agora certa angústia e uma estranha sensação de vazio impreenchível na alma...
É verdade que não se
considerava um fracassado, de vez que colabora ativamente na propagação da
Doutrina mas sentia que algo importante lhe faltava por dentro de si mesmo.
Deliberou, então,
solicitar a conhecido Benfeitor da Vida maior que lhe auxiliasse a entender o
seu caso.
Depois de ouvi-lo com
paciência e carinho, qual se já lhe conhecesse de velho as lutas na existênciais
terrestre, o instrutor esclareceu.
- Filho, não resta dúvida de que, até certo
ponto, soubeste aproveitar a parcela de tempo que a Misericórdia Divina te
concedeu na última romagem pelo mundo, mas não podemos negar que se não fosse,
digamos, por um esquecimento de tua parte, estarias agora, com a aprovação da
consciência, desfrutando de uma situação mais favorável aos teus anseios...
- Diga-me, por favor, de
que foi que me esqueci assim que tanta falta me faz? - indagou o amigo vertendo
lágrimas copiosas.
- O esquecimento a que nos
referimos, infelizmente, é o esquecimento da maioria dos homens que se
consagram na Terra aos assuntos teóricos da religião... Esqueceste, meu filho,
de manter contato direto e diário com a dor do próximo, distanciando da
caridade o concurso insubstituível de tuas próprias mãos!...
Hilário Silva
PÁGINAS DE FÉ
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
CARLOS A. BACELLI
ESPÍRITOS DIVERSOS
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