APARÍCIO FERNANDES
Escritor, Jornalista,
Poeta, Radialista e eminente homem de letras, nascido na cidade de Acari,
Estado do Rio Grande do Norte.
Em 1965, a Federação
Espírita Brasileira publicou a antologia "Trovadores do Além",
organizada pelo médico (e trovador) Elias Barbosa, residente em Uberaba, Minas
Gerais. O livro enfeixa 312 trovas de autores desencarnados, isto é, de poetas
já falecidos, que retornaram, em espírito, para, através das faculdades do
médium, fazer chegar aos seus irmãos deste mundo algumas das trovas que
continuam a compor na Vida Espiritual. O médium é mero instrumento
intermediário. Para isto cede seu corpo (ou apenas seu braço) a fim de que o
poeta desencarnado, utilizando-se dele, possa escrever a trova que fez. As
trovas figurantes no livro "Trovadores do Além" foram psicografadas
(isto é, recebidas mediunicamente), pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira. O primeiro é um dos mais famosos médiuns espíritas do mundo, cuja
vida de renúncia, humildade e caridade incondicionais a muitos tem edificado...
Serão realmente dos
trovadores do além-túmulo essas trovas?
Eis uma questão cuja
resposta depende do entendimento de cada um e da perseverança e seriedade com
que se empenha em pesquisar a Verdade. O que podemos dizer é que nossos olhos
se encheram de lágrimas quando lemos, pela vez primeira, estas trovas,
atribuídas ao espírito de Adelmar Tavares:
O regozijo da morte,
que ninguém sabe dizer,
tem a beleza da noite
no instante do amanhecer.
Ouvi alguém que dizia:
- "La se vai o poeta
morto",
sem perceber a alegria
do sonho chegando ao
porto.
No momento derradeiro,
antes do sono feliz,
compus em gotas de pranto
a trova que nunca fiz.
Afeições enternecidas, meus
derradeiros amores!...
Deus vos salve, mãos
queridas,
que me cobristes de
flores!...
Celeste amor que perdura
atende a roteiro assim:
ilimitada ternura
no entendimento sem fim.
Morte!... No termo das
provas,
Senhor, agradeço a luz
com que adornaste de
trovas
as trevas de minha cruz!
Nas trovas acima; duas são
de rima simples - o que era comum em Adelmar Tavares - mas tem a singeleza e a
espontaneidade característica do saudoso poeta. Tivemos o prazer de conhecer
pessoalmente o Doutor Adelmar, já velhinho, com o qual conversamos várias
vezes. Constatamos de perto a bondade e o lirismo de sua alma de poeta. Por
outro lado, lemos e relemos inúmeras vezes suas poesias e trovas. Ora, em nossa
opinião, tanto no estilo como no sentimento, essas trovas são tipicamente de
Adelmar Tavares. Para que o leitor possa comparar, extraímos da obra do grande
trovador pernambucano as trovas que se seguem, as quais apresentam nítidos
pontos de contato com as outras trovas, que Adelmar-Espírito nos enviou através
da mediunidade de Chico Xavier:
A morte não é tristeza
é fim, é destinação.
- Tristeza é ficar
vivendo,
depois que os sonhos se
vão..
Trovas, trovas da minha
alma!
Da vida quando eu me for,
sede o humilde travesseiro
do sono de um sonhador.
Quando eu morrer, levo à
cova,
dentro do meu coração,
o suspiro de uma trova
e o gemer de um violão.
Neste mundo, a certas
vidas,
a morte seria um bem.
Mas até a própria morte
se esquece delas também...
Mãe, que os meus versos
incensam!
Quando eu vim do mundo à
luz,
foi na cruz de tua bênção
que eu vi a vida - uma
cruz
Alguém já disse, e é
verdade,
que o sentimento do amor,
ou se faz eternidade,
ou, então, não é amor...
Trova que vens novamente
encher o meu coração,
- sê bendita, luz divina,
amor de consolação.
Que contraste tem a Sorte!
No mundo, que ingrata
lida!
- A Vida chorando a
Morte...
E a Morte rindo da vida...
Para os que acreditam, é
uma alegria e um certeza de imortalidade. Para os descrentes, será, pelo menos,
uma esperança.
LUZ BENDITA
FRANCISCO CANDIDO XAVIER
RUBENS SILVIO GERMINHASI
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