domingo, 23 de outubro de 2016


O obreiro do Senhor



Questão nº 897, de “O Livro dos Espíritos”
897. Merecerá reprovação aquele que faz o bem, sem visar a qualquer recompensa na Terra, mas esperando que lhe seja levado em conta na outra vida e que lá venha a ser melhor a sua situação? E essa preocupação lhe prejudicará o progresso?
 
“O bem deve ser feito caritativamente, isto é, com
desinteresse.”
 
a) — Contudo, todos alimentam o desejo muito natural
de progredir, para forrar-se à penosa condição desta vida.
Os próprios Espíritos nos ensinam a praticar o bem com esse objetivo. Será, então, um mal pensarmos que, praticando o bem, podemos esperar coisa melhor do que temos na Terra?
 
“Não, certamente; mas aquele que faz o bem, sem ideia preconcebida, pelo só prazer de ser agradável a Deus e ao seu próximo que sofre, já se acha num certo grau de progresso, que lhe permitirá alcançar a felicidade muito mais depressa do que seu irmão que, mais positivo, faz o bem por cálculo e não impelido pelo ardor natural do seu coração.” (894)
 
b) — Não haverá aqui uma distinção a estabelecer-se
entre o bem que podemos fazer ao nosso próximo e o cuidado que pomos em corrigir-nos dos nossos defeitos? Concebemos que seja pouco meritório fazermos o bem com a ideia de que nos seja levado em conta na outra vida; mas será igualmente indício de inferioridade emendarmo-nos, vencermos as nossas paixões, corrigirmos o nosso caráter, com o propósito
de nos aproximarmos dos bons Espíritos e de nos elevarmos?
 
“Não, não. Quando dizemos — fazer o bem, queremos significar — ser caridoso. Procede como egoísta todo aquele que calcula o que lhe possa cada uma de suas boas ações render na vida futura, tanto quanto na vida terrena. Nenhum egoísmo, porém, há em querer o homem melhorar-se, para se aproximar de Deus, pois que é o fim para o qual devem todos tender.”
 
 
 

O obreiro do Senhor

 
Cada criatura mora espiritualmente na seara a que se afeiçoa.
É assim que, se o justo arrecada prêmios da retidão, o delinqüente, em qualquer parte, recolhe os frutos do crime.
O obreiro do Senhor, por isso mesmo, onde surja, é conhecido por traços essenciais.
 
Não cogita do próprio interesse.
Não exige cooperação para fazer o bem.
Não cria problemas.
Não suspeita mal.
Não cobra tributos de gratidão.
Não arma ciladas.
Não converte o serviço em fardo insuportável nos ombros do companheiro.
Não transforma a verdade em lâmina de fogo no peito dos semelhantes.
Não reclama santidade nos outros, para ser útil.
Não fiscaliza o vintém que dá.
Não espia os erros do próximo.
Não promove o exame das consciências alheias.
Não se cansa de auxiliar.
Não faz greve por notar-se desatendido.
Não desconhece as suas fraquezas.
Não cultiva espinheiros de intolerância.
Não faz coleção de queixas.
Não perde tempo em lutas desnecessárias.
Não tem a boca untada com veneno.
Não sente cóleras sagradas.
Não ergue monumentos ao derrotismo.
Não se impacienta.
Não se exibe.
Não acusa.
Não critica.
Não se ensoberbece.
Entretanto, frequentemente aparece na Seara Divina quem condene os outros e iluda a si mesmo, supondo-se na posse de imaginária dominação.
O obreiro do Senhor, todavia, encarnado ou desencarnado, em qualquer senda de educação e em qualquer campo religioso, segue à frente, ajudando e compreendendo, perdoando e servindo, para cumprir-lhe, em tudo, a sacrossanta Vontade.
 
Francisco Cândido Xavier
 
Religião dos Espíritos
 
Estudos e dissertações em torno da obra
“O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec
 
Ditado pelo Espírito
Emmanuel

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário