Inconveniente e Perigos da Mediunidade
Fizemos, em nossa página do Facebook, algumas considerações
sobre a mediunidade:
- Reunião mediúnica aberta ao público: caminho para obsessão.
- Espírito Protetor dando bronca: mistificação.
- A evocação é perigosa: mentira.
- Bater a mão direita para identificar um bom Espírito: estupidez.
- Depois de um mau Espírito se comunicar, precisa ter a comunicação de um bom,
para “limpar o aparelho mediúnico”: ignorância.
- A finalidade de um grupo mediúnico é a doutrinação dos Espíritos: estreiteza
de pensamentos.
- Todos os médiuns precisam dar comunicação: indisciplina. - O “guia” comunica-se por mais de 30 minutos, falando sobre a mesma coisa: fascinação. - Não devemos interrogar os Espíritos: medo.
- Todos os médiuns precisam dar comunicação: indisciplina. - O “guia” comunica-se por mais de 30 minutos, falando sobre a mesma coisa: fascinação. - Não devemos interrogar os Espíritos: medo.
Alguns comentários me vieram de outros pontos, afirmando que
tais considerações são inapropriadas e que devem ser revistas.
Ok, então para que não vejam meus comentários como pensamento
particular, vamos citar as fontes:
Segundo Allan Kardec, reuniões mediúnicas não devem JAMAIS ser
abertas ao público.
Livro dos Médiuns, cap. 28, item 308: “A faculdade mediúnica,
mesmo limitada às manifestações físicas, não foi dada para ser exibida sobre os
palcos, e qualquer pessoa que pretenda ter às suas ordens Espíritos para
exibi-los em público pode com razão ser suspeita de charlatanismo ou de
ilusionismo mais ou menos hábil”.
Ainda em O Livro dos Médiuns, cap. 30, tópico 3, artigo 17: “As
sessões são particulares ou gerais; jamais são públicas”.
E no cap. 29, item 331 e 332, Kardec ensina que: “Toda reunião
espírita deve, pois, tender à maior homogeneidade possível (…) Como a
concentração e a comunhão dos pensamentos são as condições essenciais de toda
reunião séria, compreende-se que um grande número de assistentes é um obstáculo
contrário à homogeneidade”.
Segundo Allan Kardec, os bons Espíritos só podem dizer e fazer
o bem; NÃO DÃO ORDENS, sugerem e se não são ouvidos, SE AFASTAM. Assim sendo,
“broncas” não podem provir de um bom Espírito, seja qual for o nome pelo qual
se manifeste, pois que os bons Espíritos respeitam nosso livre-arbítrio.
Vejamos o que ensina Allan Kardec a respeito.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 267, 16 e 17:
“16º) reconhecem-se também os bons Espíritos pela sua prudente
reserva sobre todas as coisas que envolvem perigos ou suspeitas; repugna- lhes
revelar o mal. Os Espíritos levianos ou malevolentes se comprazem em o fazer
sobressair. Enquanto os bons procuram suavizar os erros e pregam a indulgência,
os maus os exageram e provocam a discórdia por meio de insinuações enganadoras,
falsas”.
“17º) os bons Espíritos prescrevem apenas o bem. Todo
ensinamento ou conselho que não está estritamente conforme a pura caridade
evangélica não pode ser obra dos bons Espíritos”.
Segundo Allan Kardec, NÃO EVOCAR É UM ERRO.
Livro dos Médiuns, cap. 25, 169: “Algumas pessoas pensam que
não se deve evocar este ou aquele Espírito e que é preferível esperar que
queiram se comunicar. Baseiam-se nessa opinião os que pensam que, ao se chamar
um Espírito determinado, não se pode ter certeza de que seja ele que se
apresenta, enquanto o que vem espontaneamente e por vontade própria prova
melhor sua identidade, uma vez que assim anuncia o desejo que tem de se
comunicar conosco. Em nossa opinião, é um erro; primeiramente, porque há sempre
ao redor de nós Espíritos que na maioria das vezes estão em condições
inferiores e que não querem outra coisa senão se comunicar; depois, não chamar
nenhum em particular é abrir a porta a todos os que querem entrar”.
Segundo Allan Kardec, a “limpeza” de fluidos não existe; o que
existe é a troca de um mal fluido por um bom, além do que o fluido em si é
neutro, não sendo nem bom nem mau, não havendo, portanto, o que “limpar”.
Limpamos aquilo que se suja, e o fluido não é suscetível de se sujar.
A Gênese, cap. 14, item 17: “Os fluidos não possuem qualidades
sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos
eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas
que atravessa”.
Segundo Allan Kardec, a finalidade de um grupo mediúnico não é
o da doutrinação dos Espíritos, mas sim o estudo e o aprendizado do
Espiritismo. Se assim o fosse, pobres Espíritos, que precisaram esperar a
Codificação do Espiritismo e o surgimento de grupos de desobsessão, que
praticamente só existem, com esta finalidade, há 150 anos mais ou menos.
Livro dos Médiuns, cap. 29, itens 324 em diante: “As reuniões
espíritas têm caracteres bastante diferentes, segundo o objetivo a que se
propõem e sua condição de ser; por isso mesmo também podem diferir. De acordo
com sua natureza, podem ser frívolas, experimentais ou instrutivas”. (porque
Kardec não cita nada a respeito de doutrinação, orientação aos Espíritos,
desobsessão? Não é para se pensar?).
Ainda nos mesmos itens:
“As reuniões frívolas, fúteis, são feitas por pessoas que veem
apenas o lado divertido das manifestações, que se divertem com os gracejos dos
Espíritos levianos, por seu lado muito interessados por essa espécie de
assembleia, onde têm toda liberdade de se manifestar e às quais não faltam”.
(reuniões abertas ao público estão repletas de pessoas assim).
“As reuniões experimentais têm por objeto a produção das
manifestações de efeitos físicos. Para muitas pessoas, é um espetáculo mais
curioso do que instrutivo.” (Embora efeitos físicos em si não sejam mais
trabalhados em atividades mediúnicas atuais, vemos fenômenos de outras espécies
que não deixam a desejar em se tratando de presenciar cenas espirituais, como a
manifestação de maus Espíritos que brigam, revoltam-se, batem na mesa, ameaçam
e acabam por receber a doutrinação; é todo um espetáculo, embora desenvolvido
com a aparência esperada por todos. Não são todos os grupos, pois há os muito
sérios, mas muitos os que fazem mediunidade mais para ver manifestações do que
para servir a um bem maior).
“As reuniões instrutivas têm outro caráter e, como é delas que
se pode absorver o verdadeiro ensinamento, insistiremos especificamente sobre
as condições em que devem se realizar. (…) Uma reunião séria se afasta de seu
objetivo se troca o ensinamento pelo divertimento. (…) Os que querem
compreender buscam as reuniões de estudo; é assim que tanto uns quanto outros
poderão completar sua instrução espírita, assim como no estudo da medicina uns
vão à sala de aula, e outros, à clínica.”
Como podemos observar Kardec não fala nada sobre doutrinar
Espíritos. Embora isso possa ocorrer, com seriedade e objetivos ao bem, não é o
foco nem a proposta de uma reunião mediúnica.
Segundo Allan Kardec, deixar a Espiritualidade manifestar-se
SOMENTE de forma espontânea, é abrir a porta a todos os que querem entrar; não
chamar nenhum em particular é dar a palavra a todos.
Livro dos Médiuns, cap. 25, 269: “Numa assembleia, não dar a
palavra a ninguém é deixá-la para todos, e sabe-se o que resulta disso. O
chamado direto a um Espírito determinado é um laço entre ele e nós; nós o
chamamos por nosso desejo e opomos assim uma espécie de barreira aos intrusos. Sem
um chamado direto, um Espírito muitas vezes não teria nenhum motivo para vir
até nós, a não ser o nosso Espírito familiar”.
Segundo Allan Kardec, comunicações de Espíritos que possuem
uma linguagem prolixa, não pode provir de um bom Espírito, quando esse se
identifica como tal.
Livro dos Médiuns, cap. 24, 263: “Julgam-se os Espíritos, já
dissemos, como se julgam os homens: pela sua linguagem”.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 267, 9º: “Os Espíritos superiores
se exprimem de maneira simples, sem prolixidade; sem ser cansativo, seu estilo
é objetivo, sem excluir a beleza das idéias e das expressões, claro,
inteligível para todos e não exige esforço para ser compreendido; possuem a
arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque dão a cada palavra o seu
exato sentido. Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, escondem sob a
presunção e a ênfase o vazio de seus pensamentos. Sua linguagem é muitas vezes
pretensiosa, ridícula ou obscura por querer parecer profunda”.
Não é a INTENÇÃO, mas a LINGUAGEM que deve ser analisada,
Segundo Allan Kardec.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 268:
“Pergunta 15º) Para não ser enganado, basta ter boas
intenções? E os homens perfeitamente sérios, que não misturam aos seus estudos
nenhum sentimento de vã curiosidade, podem também ser enganados?
“Menos do que os outros; mas o homem tem sempre alguns
defeitos que atraem os Espíritos zombeteiros. O homem se acredita forte e
muitas vezes não o é. Deve, portanto, desconfiar da fraqueza que nasce do
orgulho e dos preconceitos. Não se dá atenção a essas duas causas das quais os
Espíritos se aproveitam; ao lisonjear as manias esses Espíritos estão seguros
de triunfar.”
No entanto, cada um faz aquilo que acha certo, e assim vemos o
Espiritualismo fazendo-se passar por Espiritismo, dentro das casas que propõe o
estudo deste último.
Por André Ariovaldo
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