domingo, 30 de outubro de 2016


Inconveniente e Perigos da Mediunidade
Fizemos, em nossa página do Facebook, algumas considerações sobre a mediunidade:
- Reunião mediúnica aberta ao público: caminho para obsessão. - Espírito Protetor dando bronca: mistificação. - A evocação é perigosa: mentira. - Bater a mão direita para identificar um bom Espírito: estupidez. - Depois de um mau Espírito se comunicar, precisa ter a comunicação de um bom, para “limpar o aparelho mediúnico”: ignorância. - A finalidade de um grupo mediúnico é a doutrinação dos Espíritos: estreiteza de pensamentos.
- Todos os médiuns precisam dar comunicação: indisciplina. - O “guia” comunica-se por mais de 30 minutos, falando sobre a mesma coisa: fascinação. - Não devemos interrogar os Espíritos: medo.
 
Alguns comentários me vieram de outros pontos, afirmando que tais considerações são inapropriadas e que devem ser revistas.
Ok, então para que não vejam meus comentários como pensamento particular, vamos citar as fontes:
Segundo Allan Kardec, reuniões mediúnicas não devem JAMAIS ser abertas ao público.
Livro dos Médiuns, cap. 28, item 308: “A faculdade mediúnica, mesmo limitada às manifestações físicas, não foi dada para ser exibida sobre os palcos, e qualquer pessoa que pretenda ter às suas ordens Espíritos para exibi-los em público pode com razão ser suspeita de charlatanismo ou de ilusionismo mais ou menos hábil”.
Ainda em O Livro dos Médiuns, cap. 30, tópico 3, artigo 17: “As sessões são particulares ou gerais; jamais são públicas”.
E no cap. 29, item 331 e 332, Kardec ensina que: “Toda reunião espírita deve, pois, tender à maior homogeneidade possível (…) Como a concentração e a comunhão dos pensamentos são as condições essenciais de toda reunião séria, compreende-se que um grande número de assistentes é um obstáculo contrário à homogeneidade”.
Segundo Allan Kardec, os bons Espíritos só podem dizer e fazer o bem; NÃO DÃO ORDENS, sugerem e se não são ouvidos, SE AFASTAM. Assim sendo, “broncas” não podem provir de um bom Espírito, seja qual for o nome pelo qual se manifeste, pois que os bons Espíritos respeitam nosso livre-arbítrio. Vejamos o que ensina Allan Kardec a respeito.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 267, 16 e 17:
“16º) reconhecem-se também os bons Espíritos pela sua prudente reserva sobre todas as coisas que envolvem perigos ou suspeitas; repugna- lhes revelar o mal. Os Espíritos levianos ou malevolentes se comprazem em o fazer sobressair. Enquanto os bons procuram suavizar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram e provocam a discórdia por meio de insinuações enganadoras, falsas”.
“17º) os bons Espíritos prescrevem apenas o bem. Todo ensinamento ou conselho que não está estritamente conforme a pura caridade evangélica não pode ser obra dos bons Espíritos”.
 
Segundo Allan Kardec, NÃO EVOCAR É UM ERRO.
Livro dos Médiuns, cap. 25, 169: “Algumas pessoas pensam que não se deve evocar este ou aquele Espírito e que é preferível esperar que queiram se comunicar. Baseiam-se nessa opinião os que pensam que, ao se chamar um Espírito determinado, não se pode ter certeza de que seja ele que se apresenta, enquanto o que vem espontaneamente e por vontade própria prova melhor sua identidade, uma vez que assim anuncia o desejo que tem de se comunicar conosco. Em nossa opinião, é um erro; primeiramente, porque há sempre ao redor de nós Espíritos que na maioria das vezes estão em condições inferiores e que não querem outra coisa senão se comunicar; depois, não chamar nenhum em particular é abrir a porta a todos os que querem entrar”.
 
Segundo Allan Kardec, a “limpeza” de fluidos não existe; o que existe é a troca de um mal fluido por um bom, além do que o fluido em si é neutro, não sendo nem bom nem mau, não havendo, portanto, o que “limpar”. Limpamos aquilo que se suja, e o fluido não é suscetível de se sujar.
A Gênese, cap. 14, item 17: “Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa”.
 
Segundo Allan Kardec, a finalidade de um grupo mediúnico não é o da doutrinação dos Espíritos, mas sim o estudo e o aprendizado do Espiritismo. Se assim o fosse, pobres Espíritos, que precisaram esperar a Codificação do Espiritismo e o surgimento de grupos de desobsessão, que praticamente só existem, com esta finalidade, há 150 anos mais ou menos.
Livro dos Médiuns, cap. 29, itens 324 em diante: “As reuniões espíritas têm caracteres bastante diferentes, segundo o objetivo a que se propõem e sua condição de ser; por isso mesmo também podem diferir. De acordo com sua natureza, podem ser frívolas, experimentais ou instrutivas”. (porque Kardec não cita nada a respeito de doutrinação, orientação aos Espíritos, desobsessão? Não é para se pensar?).
Ainda nos mesmos itens:
“As reuniões frívolas, fúteis, são feitas por pessoas que veem apenas o lado divertido das manifestações, que se divertem com os gracejos dos Espíritos levianos, por seu lado muito interessados por essa espécie de assembleia, onde têm toda liberdade de se manifestar e às quais não faltam”. (reuniões abertas ao público estão repletas de pessoas assim).
“As reuniões experimentais têm por objeto a produção das manifestações de efeitos físicos. Para muitas pessoas, é um espetáculo mais curioso do que instrutivo.” (Embora efeitos físicos em si não sejam mais trabalhados em atividades mediúnicas atuais, vemos fenômenos de outras espécies que não deixam a desejar em se tratando de presenciar cenas espirituais, como a manifestação de maus Espíritos que brigam, revoltam-se, batem na mesa, ameaçam e acabam por receber a doutrinação; é todo um espetáculo, embora desenvolvido com a aparência esperada por todos. Não são todos os grupos, pois há os muito sérios, mas muitos os que fazem mediunidade mais para ver manifestações do que para servir a um bem maior).
“As reuniões instrutivas têm outro caráter e, como é delas que se pode absorver o verdadeiro ensinamento, insistiremos especificamente sobre as condições em que devem se realizar. (…) Uma reunião séria se afasta de seu objetivo se troca o ensinamento pelo divertimento. (…) Os que querem compreender buscam as reuniões de estudo; é assim que tanto uns quanto outros poderão completar sua instrução espírita, assim como no estudo da medicina uns vão à sala de aula, e outros, à clínica.”
Como podemos observar Kardec não fala nada sobre doutrinar Espíritos. Embora isso possa ocorrer, com seriedade e objetivos ao bem, não é o foco nem a proposta de uma reunião mediúnica.
Segundo Allan Kardec, deixar a Espiritualidade manifestar-se SOMENTE de forma espontânea, é abrir a porta a todos os que querem entrar; não chamar nenhum em particular é dar a palavra a todos.
Livro dos Médiuns, cap. 25, 269: “Numa assembleia, não dar a palavra a ninguém é deixá-la para todos, e sabe-se o que resulta disso. O chamado direto a um Espírito determinado é um laço entre ele e nós; nós o chamamos por nosso desejo e opomos assim uma espécie de barreira aos intrusos. Sem um chamado direto, um Espírito muitas vezes não teria nenhum motivo para vir até nós, a não ser o nosso Espírito familiar”.
Segundo Allan Kardec, comunicações de Espíritos que possuem uma linguagem prolixa, não pode provir de um bom Espírito, quando esse se identifica como tal.
Livro dos Médiuns, cap. 24, 263: “Julgam-se os Espíritos, já dissemos, como se julgam os homens: pela sua linguagem”.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 267, 9º: “Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade; sem ser cansativo, seu estilo é objetivo, sem excluir a beleza das idéias e das expressões, claro, inteligível para todos e não exige esforço para ser compreendido; possuem a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque dão a cada palavra o seu exato sentido. Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, escondem sob a presunção e a ênfase o vazio de seus pensamentos. Sua linguagem é muitas vezes pretensiosa, ridícula ou obscura por querer parecer profunda”.
 
Não é a INTENÇÃO, mas a LINGUAGEM que deve ser analisada, Segundo Allan Kardec.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 268:
“Pergunta 15º) Para não ser enganado, basta ter boas intenções? E os homens perfeitamente sérios, que não misturam aos seus estudos nenhum sentimento de vã curiosidade, podem também ser enganados?
“Menos do que os outros; mas o homem tem sempre alguns defeitos que atraem os Espíritos zombeteiros. O homem se acredita forte e muitas vezes não o é. Deve, portanto, desconfiar da fraqueza que nasce do orgulho e dos preconceitos. Não se dá atenção a essas duas causas das quais os Espíritos se aproveitam; ao lisonjear as manias esses Espíritos estão seguros de triunfar.”
 
No entanto, cada um faz aquilo que acha certo, e assim vemos o Espiritualismo fazendo-se passar por Espiritismo, dentro das casas que propõe o estudo deste último. 
Por André Ariovaldo

 

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