Martinho Lutero |
A reforma protestante
No século XVI uma grande
revolução eclesiástica ocorreu na Europa Ocidental, levando a mudanças
consideráveis na esfera religiosa que, durante todo o período medieval,
estivera sob o domínio da Igreja Católica. Essa revolução nas mentalidades teve
tanto causas políticas como religiosas. Muitos monarcas estavam insatisfeitos
com o enorme poder que o papa exercia no mundo, ao mesmo tempo que muitos
teólogos criticavam a doutrina e as práticas da Igreja, sua atitude para com a
fé e seu feitio organizacional.
Idéias e razões distintas deram
origem a diversas comunidades eclesiais novas.
• Na Inglaterra, o rei Henrique
VIII rompeu com o papa porque este se negou a lhe dar permissão para que se
divorciasse. O rei se tornou, então, chefe da Igreja da Inglaterra (Igreja
Anglicana). Não houve cisma, mas a Igreja da Inglaterra aos poucos foi adotando
várias idéias da Reforma. Hoje, o anglicanismo é uma Igreja que engloba
diferentes tendências e até mesmo seitas [...].
• Foi um monge alemão, Martinho
Lutero, o maior responsável por esse conflito teológico. Ele deu forte destaque
à fé e à palavra (a Bíblia), como elementos mais significativos. Diversos
príncipes eleitores, nobres governantes alemães, insatisfeitos com o poder do
papa, apoiaram Lutero e transformaram as igrejas de seus próprios domínios em
igrejas estatais, partindo do princípio de que a religião do eleitor também era
a de seus súditos.
Zuínglio |
• Os reformadores suíços Calvino
e Zuínglio defendiam um rompimento mais radical com o catolicismo. Davam menos
valor ao batismo e à eucaristia do que os católicos e os luteranos, mas
julgavam vital mexer na organização da Igreja. Queriam seguir aquilo que
consideravam os preceitos do Novo Testamento. A Igreja é dirigida por
representantes eleitos que, juntamente com os ministros, constituem a
Assembléia Geral. Esta é conhecida como presbitério (da palavra grega que
significa “conselho dos anciãos’’), e por isso a Igreja reformada é chamada
presbiteriana. Essa Igreja logo se tornou a principal seita protestante em
países cujos soberanos não instituíram o Cristianismo como religião do Estado;
por exemplo, Holanda, Suíça e Escócia. 8
O Espiritismo, por meio de
informações apresentadas por Emmanuel, revela:
A
Reforma e os movimentos que se lhe seguiram vieram ao mundo com a missão
especial de exumar a ‘‘letra’’ dos Evangelhos, enterrada até então nos arquivos
da intolerância clerical, nos seminários e nos conventos, a fim de que, depois
da sua tarefa, pudesse o Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristão,
ensinar aos homens o ‘‘espírito divino’’ de todas as lições de Jesus. 22
A Reforma Protestante provocou
profundos e irreversíveis impactos na Igreja Católica.
Por ocasião dos primeiros
protestos contra o fausto desmedido dos príncipes da Igreja, ocupava a cadeira
pontifícia Leão X, cuja vida mundana impressionava desagradavelmente os
espíritos sinceramente religiosos. Sob a sua direção criara-se, em 1518, o
célebre ‘‘Livro das Taxas da Sagrada
Chancelaria e da Sagrada Penitenciaria Apostólica’’, onde se encontrava
estipulado o preço de absolvição para todos os pecados, para todos os
adultérios, inclusive os crimes hediondos. Tais rebaixamentos da dignidade
eclesiástica ambientaram as pregações de Lutero e seus companheiros de
apostolado. De nada valeram as perseguições e as ameaças ao eminente frade
agostiniano. 20
O protestantismo foi um movimento
que surgiu, no século XVI, para conter os abusos do clero católico, sobretudo
em relação às indulgências.
Embora rompessem com a Igreja, os
reformadores não pensaram estar criando uma nova Igreja. Em vez disso,
sustentavam a necessidade de recolocar a Igreja cristã em suas verdadeiras bases.
Levados à ação quase sempre em virtude
de abusos e distorções da vida eclesiástica no período medieval, logo
compreenderam, no entanto, que a sua interpretação do Evangelho era
radicalmente diferente da sustentada pela Igreja existente. Baldados seus
esforços para renová-la, não tiveram outro recurso senão constituir instituição
independente da que consideravam sob ‘‘o jugo romano’’. A história do protestantismo, portanto, deve
começar com uma compreensão dessa tentativa da recuperação, segundo se entendia,
da vida da Igreja à luz do Evangelho, dentro, contudo, do contexto
sócio-cultural do período medieval. 3
Outros fatos históricos foram
decisivos para a ocorrência da Reforma Protestante.
A (...) derrocada do feudalismo e
o surgimento de classes médias ocupadas com o comércio e a indústria criaram um
novo setor na sociedade, independente da influência direta da Igreja. A
imprensa foi inventada em meados do século XV e na última década do mesmo
século Colombo descobria o Novo Mundo. Nos mesmos dias em que Magalhães circunavegava
o globo (1519-1522). [...] Pequenos povoados se convertiam em centros urbanos
onde os homens já não dependiam da agricultura para sua sobrevivência. Embora a
Igreja ainda fosse poder dominador, muitas forças novas, além do trabalho dos reformadores,
estavam operando para derrocar seu domínio sobre os homens.4
8. HELLEN, V., NOTAKER, H. E GAARDER,J. O Livro das
religiões. Tradução de Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000,
item: a reforma protestante, p. 194-195.
22. ______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 295, p. 173.
20. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo
Espírito Emmanuel. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 20, (Renascença do
mundo), item: apogeu da renascença, p.175-178.
3. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. Enccyclopaedia
Britannica do Brasil Publicações Ltda. São Paulo, 1995. Vol. 17, p.9363
(Protestantismo).
4. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. Enccyclopaedia
Britannica do Brasil Publicações Ltda. São Paulo, 1995. Vol. 17, p.9364
(Protestantismo).
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