ANTE O SOL ETERNO
“Vim trazer fogo à Terra” –
disse-nos o Senhor. Semelhantes palavras do Divino Mestre podem induzir o
discípulo invigilante aos mais estranhos pensamentos.
É preciso, porém, exumar o espírito
da letra, na alimentação de nossas almas, tanto quanto, no fruto, para o
serviço da refeição, liberamos a polpa do envoltório que a constringe.
Jesus não se propunha ombrear com
o petroleiro comum, intérprete da indisciplina e do desespero.
Cristo trazia-nos calor ao
espírito enregelado na indiferença e no vício de séculos incessantes...
Chama viva para extinguir as
trevas de nosso passado obscuro e delituoso, lume para clarear a senda que nos
cabe trilhar nos sacrifícios do presente, a caminho do grande porvir que a vida
nos reserva...
Flama de brio restaurador com que
nos cabe atender aos compromissos esposados no esforço regenerativo e braseiro
rubro de responsabilidade, que, situado no campo de nossa consciência, impeça a
germinação ou o crescimento do joio venenoso da crueldade e do ódio...
Labareda de fé renovadora,
suscetível de purificar-nos o sentimento e soerguê-lo à prática da caridade
genuína, e pira ardente de amor que nos aprume a alma arrojada ao pó de velhas
desilusões, a fim de que possamos penetrar, como filhos de Deus, o santuário de
nossa sublimação para a divina imortalidade...
Se ouviste, pois, a palavra de
Jesus, decerto conduzes contigo não mais o frio do desânimo ou a paralisia da
ociosidade e da queixa, porque terás inflamado o próprio coração, ao sol
glorioso da compreensão e do trabalho incessantes, única força capaz de
levantar-nos, enfim, do antigo vale de negação e da morte.
***
C. Dossi, em “Note Azzurre
4.265”: El último peldaño de adversa fortuna es el primero de la próspera. O
derradeiro degrau da escada da desgraça, pode ser o primeiro da felicidade.
EMMANUEL
ESCRÍNIO DE LUZ
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
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