ALICERCES
Frequentemente, na Terra,
atravessamos vários lustros, aguardando a nomeação do Governo Divino para o
desempenho de alevantadas missões.
Sonhamos com o erguimento de
escolas e hospitais, templos e instituições outras de súbito relevo que nos
gravem o nome no apreço público.
O tempo corre... E, na
expectativa de considerações e privilégios, poucos se precatam de que o corpo
físico, relativamente robusto, já representa em si valiosa delegação de
competência para a execução de tarefas respeitáveis diante do Senhor.
Nem sempre conseguimos
responsabilizar-nos, de pronto, pelas despesas integrais de um educandário ou
de um sanatório; raros sustêm exclusivamente com os recursos da própria bolsa,
um dispensário ou uma creche; entretanto, os alicerces das grandes obras já se
encontram em nossas mãos:
menino desamparado, rogando
assistência à porta;
parente obsesso em casa,
reclamando-nos paciência;
vizinhos em dificuldades,
requerendo socorro;
companheiro difícil, esperando
cooperação...
Ninguém precisa exibir as
credenciais de um técnico para estender os braços ao irmão caído em penúria e
nem ostentar os conhecimentos de um poliglota para reconfortar o amigo que
resvala no desespero.
Com isso, não queremos dizer que
não nos cabe desejar altura e aprimoramento.
Estamos indistintamente
endereçados à elevação e indiscutivelmente colocados, pela Sabedoria Infinita,
no lugar certo de fazer o melhor ao nosso alcance.
Forçoso, porém, reconhecer que
não há construção sem base. Estudo é dever. Serviço é obrigação. E todos
necessitamos aprender para servir e servir para orientar.
***
Miguel de Cervantes “Don
Quixote”: El que no sabe gozar de la ventura quando le viene, no se debe quejar
si se passa. Aquele que não sabe bem aproveitar a felicidade quando esta lhe
vem, não tem o direito de queixar-se depois que ela se vai.
EMMANUEL
ESCRÍNIO DE LUZ FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
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