Se
Te Dizes
Se te dizes
tão pobre, alma querida,
Que nada tens
a dar
Para
contribuir na construção do Amor,
Oferece no
prato da humildade
A tua dor
Nos tropeços
da vida,
Em favor dos
irmãos de nossa própria estrada,
Recordando
esta mesa,
Terna e
sacrificada,
Que foi árvore
em flor, brilho da natureza,
E se deixou
serrar para servir
De apoio às
novas preces,
Sofrendo
humilhações que desconheces,
Nobre e
formoso lenho,
Cuja bondade
não mereço,
De maneira a
expressar-te o meu apreço,
Nas palavras
humílimas que tenho...
Se te dizes
com tanta imperfeição
Que não
consegues trabalhar
Em nossa
própria redenção,
Olvidando o
teu dom de agir
No socorro a
quem chora,
Fita uma das
lâmpadas, à frente,
Fabricada sem
pompa e sem grandeza,
Que, aceitando
viver em disciplina,
Vive ligada à
usina,
Faz-se flâmula
acesa,
Estrela
maternal,
Que nos serve
e ilumina,
A fim de que
vejamos
Toda e
qualquer lição que nos eleva,
Procurando
mais luz que nos livre da treva.
Se te dizes no
tempo, em tamanho cansaço
Que não podes
ser útil a ninguém,
Contempla o
chão que nos mantém
E se deixou
cercar
Para que a
nossa idéia tenha um lar.
Chão é que
faixa de terra em estreito pedaço,
Que suportou
enxadas e tratores,
Lamentando
perder o seus lauréis de flores
E a música dos
ninhos
Que lhe vinha
da voz dos passarinhos,
Em troca de
verdura e acolhimento,
Chão que
prossegue sempre esquecido e pisado,
Prestimoso e
calado,
Qual benfeitor
sem voz,
Que nunca
reclamou salário junto a nós.
Nunca digas
“não posso”, “eu não tenho”, “é impossível”.
Seja qual for
o nível
Que a
existência te dá,
Alma querida,
vem!...
Vem estender
conosco a Seara do Bem,
Deus te
utilizará.
CAMINHOS DO AMOR
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
MARIA DOLORES
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