NÃO JULGUES
Irene Ferreira de
Souza Pinto*
Não julgues o
companheiro
Por desumano e
insensato
Porque te não
busque o trato,
Nas rosas de teu
jardim.
Entende, ampara
primeiro...
Não digas, em
contra-senso:
– “Decerto, isso é
como eu penca,
Deve aquilo ser
assim...”.
Muita vez, quem
vai ausente,
Do conforto que te
afaga,
Mostra o peito
aberto em chaga,
A golpes de
provação.
E enquanto o céu
te consente
A paz das horas
seguras,
O pobre irmão que
censuras
Traz fogo no
coração.
De outras vezes,
quem se isola,
Longe de falas e
festas,
Não tem o mal que
lhe emprestas,
Nem delibera
fugir.
Apenas vive na
escola
Do dever e da
constância,
E se respira, a
distância,
É para melhor
servir.
Não vasculhes lodo
e jaça,
Mirando a alheia
conduta.
Quase sempre há
dor e luta
Onde vês passo
infiel.
Frequentemente, na
taça
Que aparenta vinho
oculto,
O pranto cresce de
vulto,
Tisnado de
angústia e fel.
Se ensinas a
caridade,
Ouve Jesus que nos
chama!
Não guardes
vinagre e lama
Sob a fé que te
conduz.
Acende a luz da
bondade,
Porquanto também
um dia
Mendigarás
simpatia
Nas sombras da
própria cruz!
(*)
Poetisa de fino talento e bela inspiração. A seu respeito, diz Enéas de moura
(cole. Poetas Paul, pág.97):” Começou seus estudos no Colégio Florense, de
Jundiaí, e os terminou no Sion, de São Paulo. Colaborou na Revista Feminina;
foi a criadora das crônicas sociais do Correio Paulistano.” Contista, escreveu
na Feira Literária, e em 1921 estreava como romancista, publicando Rosa Maria.
No Cemitério da consolação, de S. Paulo, os filhos da poetisa erigiram-lhe um
túmulo, onde gravaram o belíssimo soneto “Último desejo”, de autoria dela.
(amparo, Estado de São Paulo, 8 de Abril de 1887 – Rio de Janeiro, GB, 21 de
Maio de 1944.) BIBLIOGRAFIA: Primeiro Vôo; Gorjeios; O Tutor de Célia, contos; etc.
Fonte:
ANTOLOGIA DOS IMMORTAIS
FRANCISCO
CÂNDIDO XAVIER
Ditados
por Espíritos Diversos
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