A Palavra de Chico Xavier
Carlos A Baccelli
De nosso
arquivo Xavieriano, damos agora à publicidade uma entrevista concedida há
tempos pelo médium e que, acreditamos, permaneceu inédita, até hoje.
Assim o
fazemos, por acreditar que a palavra de Chico Xavier, sempre inspirada por
Emmanuel, projeta luz sobre qualquer assunto, mesmo quando este assunto tenha,
aparentemente, perdido a sua atualidade.
Sem maiores
delongas, passemos à referida entrevista, esclarecendo, todavia, que não nos
foi possível identificar o seu autor e nem tampouco a data de sua realização.
- Que é
mediunidade, no significado real de sua essência?
- Mediunidade,
na essência, é afinidade, é sintonia, estabelecendo a possibilidade do
intercâmbio espiritual entre as criaturas, que se identifiquem na mesma faixa
de emoção e de pensamento.
- Como
alcançar bom aprimoramento de um potencial mediúnico?
- Reflitamos
no assunto, do ponto de vista da mediunidade em trabalho edificante.
Que se
aperfeiçoe o violino e o artista encontrará nele as mais amplas facilidades de
expressão.
Sem cooperador
habilitado, a tarefa surge deficiente.
A mediunidade,
em si, depende do médium.
- Diga-nos o
que deve fazer, dentro de suas capacidades, um médium, a fim de poder ser
completo e útil para o Plano Espiritual?
- Devotamento ao bem do próximo, sem a
preocupação de vantagens pessoais, eis o primeiro requisito para que o
medianeiro se torne sempre mais útil ao Plano Espiritual.
Em seguida, quanto mais o médium se aprimore, através do estudo e do dever
nobremente cumprido, mais valioso se torna para a execução de tarefas com os
Instrutores da Vida Maior.
- Existe a
tentação? Que é? Qual a sua causa?
- A tentação,
no fundo, é a projeção das tendências infelizes que ainda trazemos.
Semelhantes
projeções, em se exteriorizando em forma de pensamentos materializados, atraem
sobre nós aquelas mentes, encarnadas ou desencarnadas, que se nos harmonizam
com o modo de ser.
Entendendo que
a tentação nasce de nós, recordemos que um pacote de ouro não tenta um coelho,
induzindo, muitas vezes, um homem às piores sugestões, enquanto que um pé de
couve deixa um homem impassível, levando um coelho ao impulso da aproximação
indébita.
- Por que deve
o homem manter-se no “véu do esquecimento”, em relação a sua Vida Espiritual?
- De modo geral,
a reencarnação objetiva a extirpação do ódio e da inveja, do ressentimento e do
ciúme, dos impulsos à discórdia e à delinqüência, que nos implantaram na alma,
depois de lastimáveis desastres morais.
Semelhantes
causas de sofrimento persistiriam conosco, por longo tempo, não fosse o olvido
terapêutico que nos é administrado durante a reencarnação.
Nesse sentido,
observemos o fato de que, a ablação de um tumor no corpo físico, reclama a
anestesia.
O esquecimento
temporário na reencarnação é o processo de socorro pelo qual a Misericórdia
Divina se digna determinar a sedação das feridas mentais de que porventura
sejamos portadores, para o tratamento e a extinção delas.
- Que é que
pode ser mais prejudicial a um médium?
- O egoísmo
que se fantasia de vaidade e orgulho, quando o medianeiro procura irrefletidamente
antepor-se aos Mentores Espirituais que se valem dele. Ou o mesmo egoísmo,
quando se veste de ociosidade ou de escrúpulos negativos, para fugir à
prestação de serviço ao próximo.
- Qual a razão
de algumas pessoas possuírem dons mediúnicos na Terra, desde o berço, enquanto
outras, após muito trabalho é que conseguem conquistar alguns desses valores?
- Quando se
trata de mediunidade em ação na cultura ou no progresso espiritual, a bagagem
de recursos do medianeiro emerge das suas próprias aquisições de espírito,
efetuada em existências pretéritas, outorgando-lhe a possibilidade de colaborar
com mais eficiência ao lado de quantos pugnam, no Além, pelo aperfeiçoamento e
felicidade da comunidade humana.
- O jovem de
hoje é mais arrojado no rumo de suas idéias, indaga mais, procura aprofundar-se
na essência das coisas.
Percebe,
então, a desnecessidade de uma série de dogmas existentes no mundo.
Por que lhe
são bloqueadas a busca e a tentativa de uma solução melhor?
- Tanto os
mais jovens quanto os mais amadurecidos na experiência humana, que procuram
hoje soluções construtivas para os problemas terrestres, encontrarão caminho
para isso, por mais que as sombras da ignorância ou da resistência negativas
lhes tentem obstruir a passagem.
- Podemos
considerar válidas as palavras “Os inocentes pagam pelos culpados?”.
É-nos possível
um desenvolvimento sobre o tema?
- Ninguém
resgata por alguém essa ou aquela culpa diante da lei de causa e efeito.
Ouvimos de
muitos companheiros no mundo a afirmação de que os descendentes pagam pelos
erros dos antepassados.
Isso, porém,
não corresponde à realidade.
E, em muitos
casos, os descendentes são os próprios antepassados em nova encarnação, no
mesmo tronco genealógico, para resgate de faltas em que se debitaram no
pretérito.
- Como encarar
as diversas demonstrações mediúnicas existentes e praticadas fora da Doutrina
Espírita?
- Os fenômenos
mediúnicos existiram em todos os tempos.
E em todos os
distritos da atividade humana, continuam a existir.
A Doutrina
Espírita é o Cristianismo Redivivo esclarecendo mediunidade e médiuns, para que
as ocorrências mediúnicas edifiquem elevação e proveito em auxílio da Humanidade.
- Qual o
verdadeiro caminho que nos levará em rumo a Deus?
- A regra
áurea há séculos, nos traça o roteiro:
“Faze aos
outros o que deseja que te façam”.
E o Cristo
lança mais luz sobre a diretriz de todos os tempos:
“Amai-vos uns
aos outros como eu vos amei”.
- Existem
valores reais nos argumentos que nos chegam da parte da Parapsicologia?
- A
Parapsicologia, sempre que age desapaixonadamente, é um instrumento respeitável
da Ciência na investigação da Verdade.
(A Flama
Espírita – Uberaba, Minas – 20 de maio de 1989).
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