Vão aqui algumas notas,
Meu caro Celso Proença,
As notas de muito pouco
Do que sei sobre doença.
Esta verdade sabida
Não se deixa para trás:
Cada pessoa na vida
Encontra aquilo que faz.
Cada qual colhe o que planta,
Eis o ponto a que me alinho.
Cada um colhe no tempo
O que deixou no caminho.
Temos nós neste princípio
Sem que ninguém o degrade
A chave de solução
Aos casos de enfermidade.
Na terra, muita moléstia,
Posso afirmar sem receio,
Nasce da gula sem pausa
Ou vem da falta de asseio.
Mas, no mundo, certos males,
Dos mais teimosos que temos,
Por escoras defensivas,
Somos nós que o requeremos.
Noto aqui, de muito perto,
Almas cansadas e aflitas,
Lutas, juízes, processos
E petições esquisitas.
A quem se veja por dentro
E a graves penas se arrime,
Rogando mutilações
Em que se afaste do crime.
Muita gente que acendia,
Guerra, conflito, fogueira,
Suplica berço em penúria
Na provação da cegueira.
Os corações que traíram
As afeições do passado
Rogam corpo em que se vejam
De sexo torturado.
Quem procurava escutar
Em louvor da insensatez,
Pede problemas difíceis
Na condição da surdez.
Alcoólatras delinquentes
Sob remorso profundo,
Rogam rins destrambelhados
Que os façam sóbrios no mundo.
Muita gente de outras eras
Que de ódio se nutria,
Encontro pedindo berço
Na prova da idiota.
Quem cultivava discórdia,
Criando trevas no estudo,
Solicita internação
Em corpo débil e mudo.
Pense, meu caro, e verá
Sem raciocínios extremos:
Doença que não se arreda
É a ficha do que fizemos,
Parece contradição,
Mas isto é de lei segura:
A culpa que se contrai
É só doença que cura.
Meu caro Celso Proença,
As notas de muito pouco
Do que sei sobre doença.
Esta verdade sabida
Não se deixa para trás:
Cada pessoa na vida
Encontra aquilo que faz.
Cada qual colhe o que planta,
Eis o ponto a que me alinho.
Cada um colhe no tempo
O que deixou no caminho.
Temos nós neste princípio
Sem que ninguém o degrade
A chave de solução
Aos casos de enfermidade.
Na terra, muita moléstia,
Posso afirmar sem receio,
Nasce da gula sem pausa
Ou vem da falta de asseio.
Mas, no mundo, certos males,
Dos mais teimosos que temos,
Por escoras defensivas,
Somos nós que o requeremos.
Noto aqui, de muito perto,
Almas cansadas e aflitas,
Lutas, juízes, processos
E petições esquisitas.
A quem se veja por dentro
E a graves penas se arrime,
Rogando mutilações
Em que se afaste do crime.
Muita gente que acendia,
Guerra, conflito, fogueira,
Suplica berço em penúria
Na provação da cegueira.
Os corações que traíram
As afeições do passado
Rogam corpo em que se vejam
De sexo torturado.
Quem procurava escutar
Em louvor da insensatez,
Pede problemas difíceis
Na condição da surdez.
Alcoólatras delinquentes
Sob remorso profundo,
Rogam rins destrambelhados
Que os façam sóbrios no mundo.
Muita gente de outras eras
Que de ódio se nutria,
Encontro pedindo berço
Na prova da idiota.
Quem cultivava discórdia,
Criando trevas no estudo,
Solicita internação
Em corpo débil e mudo.
Pense, meu caro, e verá
Sem raciocínios extremos:
Doença que não se arreda
É a ficha do que fizemos,
Parece contradição,
Mas isto é de lei segura:
A culpa que se contrai
É só doença que cura.
Cornélio Pires
Do livro Conversa
Firme, psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
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