Irmãos surgem que, de vez em vez, se
afirmam contra a beneficência, alegando que enquanto nos consagramos ao socorro
material esquecemos os nossos deveres na iluminação do espírito. E enfileiram
justificativas às quais a Doutrina Espírita, revivendo os ensinamentos de
Jesus, opõe naturais contraditas.
Senão vejamos:
A Assistência social, no fundo, deve pertencer ao poder público.
Indiscutivelmente, ninguém nega isso, mas se estamos na praia, vendo companheiros que se afogam, como recusar cooperação ao serviço de salvamento, quando estamos aptos a nadar?
Não adianta dar migalhas aos irmãos em penúria, cujas necessidades são gigantescas.
Consideremos, porém, que se não começarmos as boas obras, com o pouco de nossas possibilidades reduzidas, nunca aprenderemos a desligar-nos do muito para colaborar a benefício dos outros.
Desaconselhável auxiliar criaturas viciadas com o que apenas conseguiríamos conservá-las em perturbação e desequilíbrio.
Quem de nós poderá medir a própria resistência, ante as provações do caminho e de que modo apreciaríamos a conduta do próximo para conosco, se fôssemos nós os caídos em tentação?
Muitos dos chamados pedintes mostram mais necessidade de trabalho que de auxílio.
Claramente justa a alegação, mas muito raramente quem diz isso demonstra a disposição ou a possibilidade de ser o empregador.
Devemos cogitar exclusivamente do ensino moral, de maneira a cumprir as tarefas de orientação que o Espiritismo nos preceitua.
Sem dúvida, é obrigação nossa colaborar, acima de tudo, a obra educativa do espírito eterno, mas é importante lembrar que o próprio Cristo se empenhou a alimentar a multidão faminta, ao ministrar-lhe as Boas Novas de Salvação, de vez que não há cabeça tranquila sobre estômago atormentado.
Compreendemos isso e, quanto nos seja possível, entreguemo-nos à escola do amparo fraterno, com todas as nossas forças, reconhecendo que estamos cada vez mais necessitados de caridade, em todos os sentidos, de uns para com os outros, a fim de revelarmos que o Espiritismo é realmente Jesus em ação.
Emmanuel
Do livro Fonte de Paz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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