Realmente, ao alvorecer do novo dia,
que é a reencarnação, começamos a jornada à maneira de pássaros felizes. A
alegria e a confiança representam nosso clima comum e, dentro da sublime
inspiração da fraternidade, guardamos a idéia de que nossos sentimentos
prosseguem no espírito de quantos nos partilham os propósitos renovadores. O
júbilo canta em todas as manifestações emocionais e celebramos verbalmente o
pacto luminoso do apoio recíproco na romagem da redenção.
Entretanto, quando o sol do meio-dia pede o suor do trabalho, a caravana diminui e, quando as nuvens prometem borrasca, são raros aqueles que não se confiam à fuga precipitada, em busca dos abrigos fantasiosos da ilusão. Chegados a semelhantes obstáculos na marcha, é necessário centralizar o coração Naquele que nos ama desde o princípio para que não venhamos a sucumbir, porque a indiferença costuma desfigurar o entusiasmo, o desalento se espalha entre fluidos enregelantes, o abandono e o receio aparecem fustigando-nos o ideal de servir, a incompreensão cerras as portas de almas cuja dedicação era nosso tesouro, e a maldade, por tóxico sutil, alcança caracteres e consciências respeitáveis, atrasando o nosso relógio de ascensão.
Só o Cristo vivo, no imo do ser, pode fortalecer-nos em ocasiões dessa espécie, de vez que é imprescindível perseverar até o fim.
A peregrinação para o reencontro do Amigo Divino não pode ser diferente.
Muitos chamados pela graça, poucos os que se elegem pelo esforço.
Muitos que prometem obras mil e raros que cogitam da purificação de si mesmos, para que o apostolado do Senhor não seja esquecido.
O preço da luz, porém, é a morte da treva e para que a sombra desapareça devemos combater, ainda, com todas as forças do espírito.
Vale, todavia, o sacrifício, porque só aquele que amealha energias no centro do coração, para superar as próprias fraquezas, consegue a coroa luminosa dos cimos.
Dolorosa é a subida, inquietante é a aflição, ignominiosa é a morte para os nossos antigos enganos da Terra, mas a ressurreição permanece cheia de glória e de poder.
Ainda que os nossos companheiros mais amados não possam sentar-se conosco à mesa das aflições, para o repasto da renúncia e da humildade, em aprendizado de cada dia com o Mestre dos Mestres, prossigamos, porque o Amor nos espera com Jesus, de braços abertos, no calvário de nossa suprema libertação.
Nina Arueira
Do livro Tempo e Amor, psicografia de Francisco Cândido Xavier
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