O ESPIRITISMO
O
Espiritismo não é solidário com aqueles a quem apraza dizerem-se espíritas, do
mesmo modo que a Medicina não o é com os que a exploram, nem a sã religião com
os abusos e até crimes que se cometam em seu nome. Ele não reconhece como seus
adeptos senão os que lhe praticam os ensinos, isto é, que trabalham por
melhorar-se moralmente, esforçando-se por vencer os maus pendores, por ser
menos egoístas e menos orgulhosos, mais brandos, mais humildes, mais caridosos
para com o próximo, mais moderados em tudo, porque é essa a característica do
verdadeiro espírita.
O
Espiritismo caminha ao lado da Ciência, no campo da matéria: admite todas as
verdades que a Ciência comprova; mas, não se detém onde esta última pára:
prossegue nas suas pesquisas pelo campo da espiritualidade.
O
Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, como qualquer
filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases fundamentais
de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não é uma religião
constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus
adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote.
Estes qualificativos são de pura invenção da crítica.
É-se
espírita pelo só fato de simpatizar com os princípios da doutrina e por
conformar com esses princípios o proceder.
Trata-se
de uma opinião como qualquer outra, que todos têm o direito de professar, como
têm o de ser judeus, católicos, protestantes, simonistas, voltairiano,
cartesiano, deísta e, até,
materialista.
O
Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a
para os seus adeptos, do mesmo modo que para toda a gente. Respeita todas as
convicções sinceras e faz questão da reciprocidade.
Da
liberdade de consciência decorre o direito de livre
exame em matéria de fé. O Espiritismo combate a
fé cega, porque
ela impõe ao homem que abdique da sua própria razão;
considera sem raiz toda fé imposta, donde o
inscrever entre suas
máximas: Não é inabalável, senão a fé que
pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade.
Coerente com seus princípios, o Espiritismo não se impõe
a quem quer que seja; quer ser aceito
livremente e por efeito de
convicção. Expõe suas doutrinas e acolhe os que
voluntariamente o procuram.
Não
cuida de afastar pessoa alguma das suas convicções religiosas; não se dirige
aos que possuem uma fé e a quem essa fé basta; dirige-se aos que, insatisfeitos
com o que se lhes dá, pedem alguma coisa melhor.
OBRAS
PÓSTUMAS
ALLAN
kARDEC
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