FUNÇÃO E SIGNIFICAÇÃO
do Centro Espírita
Dirigentes, auxiliares e frequentadores
de um Centro Espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é um monumento
científico, filosófico e religioso de estrutura dinâmica, não estática,
mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor
metodológico, realizadas com humanidade, bom senso, respeito à Doutrina e
condições culturais superiores. Opiniões pessoais, palpites de pessoas
pretensiosas, livros mediúnicos ou não de conteúdo mistificador, cheios de
absurdos ridículos – seja o autor quem for – não têm nenhum valor
para um verdadeiro Centro Espírita.
Cada Centro Espírita tem os seus
protetores e guias espirituais que comprovam a sua autenticidade pelos serviços
prestados, pelas manifestações oportunas e cautelosas, pela dedicação aos
princípios kardequianos. A autoridade moral e cultural dos dirigentes e dos
espíritos protetores e guias de médiuns e trabalhos decorrem da integração dos
mesmos na orientação de Kardec. O Centro que se esquece disso cai
fatalmente em situações negativas, adotando práticas anti espíritas e
enveredando pelo caminho da traição a Kardec e ao Espírito da verdade. As
conseqüências dessa falência são altamente prejudiciais todo movimento
espírita. Não se trata de nenhum problema sobrenatural, mas simplesmente de
falta de vigilância –principalmente contra o orgulho e a vaidade, que
levam muitas pessoas e querem parecer mais do que outras. Isso acontece também
em todos os campos da atividade humana, nos quais encontramos cientistas
pretensiosos e sistemáticos, negociantes fraudulentos, médicos apegados às suas
idéias próprias. A pretensão humana não tem limites e cada indivíduo
pretensioso está sempre assessorado por entidades mistificadoras.
A Ciência Espírita é um organismo
vivo, de natureza conceptual, estruturada em leis psicológicas, ou seja,
em princípios espirituais e racionais. Essa estrutura é íntegra, perfeita,
harmoniosa, e não podemos violentar um só dos seus princípios sem pôr em
perigo imediato todo o seu sistema. No Centro Espírita em que essa compreensão
da doutrina não se desenvolve, na verdade não existe Espiritismo, mas apenas um
vago desejo de atingi-lo.
As raízes dessa estrutura
conceptual estão no Cristianismo, não em seu aspecto formaligrejeiro,
mas em sua existência evangélica, definida da Codificação Kardequiana. Os
evangelhos canônicos das Igrejas Cristãs estão carregados de elementos da Era
Mitológica e superstições judaicas. São esses elementos do passado pagão judeu que
deformaram o ensino puro de Jesus, permitindo interpretações flagrantemente
contrárias ao que Jesus ensinou e exemplificou.
No livro
“O Evangelho Segundo o Espiritismo“ e no
livro “A Gênese” Kardec mostrou como podemos restabelecer a
pureza das raízes evangélicas, usando a pesquisa histórica das origens cristãs,
o método analítico – positivo de estudo histórico e o método lógico
comparativo dos textos. Sem a pureza das raízes não teremos a pureza dos textos
e cairemos facilmente nas trapaças ou nas ilusões dos mistificadores
encarnados e desencarnados.
Nas primeiras comunidades
cristãs, onde o culto pneumático era praticado, manifestavam-se espíritos
furiosos, defensores de suas crenças antigas, que injuriavam o Cristo e seus
adeptos. A expressão culto pneumático vem do grego, pois pneuma quer dizer
espírito. O culto constituía a parte prática do ensino espírita de Jesus.
Na I Epístola aos Coríntios o apóstolo Paulo dá instruções
à comunidade de Corinto sobre a realização desse culto, ensinando até mesmo
como os médiuns (então chamados profetas) deviam se comportar na reunião.
Os Espíritos se manifestavam pelos médiuns e eram doutrinados pelos
participantes do culto. Esse trecho expressivo encontrase no tópico da epístola
que trata dos Dons Espirituais. Não obstante, as Igrejas Cristãs deram
interpretações inadequada e absurda a esse trecho, como fizeram com todos os
trechos do Evangelho em que Jesus se refere à reencarnação.
Incapazes de doutrinar os
espíritos mistificadores ou agressivos, que atacavam Jesus e sua missão,
os que se ligaram ao Império Romano suprimiram o culto pneumáticos,
alegando que as entidades que neles se manifestavam eram diabólicas. Essa a
razão porque Igrejas Cristãs repelem até hoje o Espiritismo como prática
diabólica, rejeitando as manifestações espíritas.
Num Centro Espírita bem
organizado esses problemas são estudados e ensinados, para que as pessoas
interessadas no ensino real do Cristo possam compreender o sentido do
Espiritismo. Sem isso, o Centro Espírita deixa de cumprir a sua missão na
grande obra de restauração do Cristianismo em espírito e verdade. O que o
Espiritismo busca é a verdade cristã, cumprindo na Terra a promessa de Jesus,
que através de Kardec e seu guia Espiritual, o Espírito Superior que
deu a Kardec, quando este lhe
perguntou quem era, esta resposta simples: “Para você, eu sou A
Verdade“.
O Centro Espírita significa, assim, uma fortaleza espiritual da
grande batalha para o restabelecimento da verdade cristã na Terra. Mas tudo
isso deve ser encarado de maneira racional e não mística, no Centro
Espírita. Ninguém está ali investido de prerrogativas divinas, mas apenas de
obrigações humanas.
José Herculano Pires
Do livro “O CENTRO ESPÍRITA”
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