ENTRE
AS ROTAS DO MUNDO.
Admira o trabalho do vento que
desmancha a névoa a perambular no caminho...
Os raios caniculares do sol que
alcatifam o horizonte, jorrando reverberações de ouro em chamas...
A leve poeira de pólen das flores
que se eleva a dançar pelos ares fertilizando a campina em ondas de
encantamento...
A brisa cantora, amansando as
vagas espumosas e multicores no escachoar das catadupas, em sons dispersos...
O perfume que habita o seio da
rosa ou que denuncia o fruto amadurecido...
As línguas de fogo que lambem o
lixo informe, ao rufar das labaredas, em largo cortejo de esplendores...
A poalha de grânulos cintilantes
da imensidade recheada de astros...
Em tudo isso, - criações que te
não podem passar desapercebidas – há uma idéia básica que plasma, um pendor de
bondade que provê, um toque de beleza que ameniza... Tudo isso fala em amor,
amor de Deus, - o Princípio da Caridade em todos os idiomas...
Quanto recebes da vida sem
dependeres um só ceitil!
Tais espetáculos a Natureza
oferece pelo contentamento maternal de ver-te feliz em seus dons inefáveis.
É o bem pelo próprio bem que Deus
nos endereça.
É o bem, que se faz por simples
prazer.
O Sol, o vento ou a água nada
reclama.
Ensinam-nos a amar sem nada
pedir; a amar sempre sem exigir coisa alguma.
Segue assim a Celeste Orientação
entre as rotas do mundo. Atende a todas as escudelas de pedintes, por onde
passes, mas não te satisfaças apenas, com isso; o irmão comum é nosso próprio
familiar.
Deixa que a emoção te tanja as fibras
da alma em mil tonalidades de carinho, diante da eloquência de um sorriso
infantil, da aflição de uma lágrima da velhice, da impetuosidade ou da
incerteza de um olhar da juventude...
O exemplo é o mais poderoso imã
do espírito.
A necessidade marcha em rodízio
de vida em vida, de destino em destino.
O dinheiro e as posses do corpo,
ao fim da viagem terrestre, são sempre quais punhados de lama e pó que tentamos
reter debalde e que nos escapam, inapelavelmente, por entre os próprios dedos.
Aconchega em teu coração, os
arroubos de fazer o bem pelo prazer que o bem te proporciona com a única idéia
preconcebida; a de criar alegria para as criaturas de Deus e dar aos que te
rodeiam pelo menos leve parcela de amor do Amor Infinito que Deus nos dá.
MARIA CELESTE.
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