COLOMBINA
Júlia
Cortines Laxe*
Mascarada
mulher o rabecão trouxera.
Morrera em
pleno baile a frágil Colombina
E, no egrégio
salão de culto à Medicina,
4 O professor
leciona, em voz veemente e austera:
-"Rapazes,
contemplai! É rameira e menina.
6 Tombou ébria
novicio e com certeza era
Devassa
meretriz, mistura de anjo e fera,
8 Flor de lama
e prazer, Vênus e Messalina.”.
Em seguida, a
cortar, rompe a seda sem custo,
Desnuda-lhe,
solene, a alva pele do busto,
Afasta,
indiferente, as flores de rendilha...
No entanto, ao
descobrir-lhe a face triste e bela,
O mestre
cambaleia e chora junto dela...
Encontrara na
morta a sua própria filha.
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4. Ler com
sinérese: vee-men-te.
6. Leia-se com
hiato: com/cer/te/za/e/era.
8. Para que
possamos observar o gosto da poetisa para a alusão a nomes
celebres, quer
mitológicos quer da vida real, cf. o soneto “A vingança de Cambises”
(apud Pan.
III, págs. 246-247).
17.Cf. nota
nº. 2, pág. 36.
21.Cf. nota
nº7, pág. 62.
(*) “Júlia
Cortines” – diz Péricles Eugênio da Silva Ramos (Pan.III, pág.246) – “é uma das
poetisas selecionadas por Valentim Magalhães para figurarem na parte antológica
de A Literatura Brasileira (1870
- 1895). Sua poesia afigura-se realmente parnasiana, de um comedimento e boleio
de frases semelhantes ao de Francisca Júlia.” É ela, segundo afirma o poeta e
ensaísta Darcy Damasceno (in A Lit.
no Brasil, III. T.1, pág.376). quem “abre
o desfile dos epígonos parnasianos”.
Sentimento,
emoção, cuidado da forma, beleza expressional e correção métrica caracterizam-lhe
os poemas, levando José Veríssimo a compará-la a celebre poetisa italiana Ada
Negri (Apud E. Werneck, Ant.
Brasileira pág. 507. (Rio Bonito, Estado do Rio, 12 de
Dezembro de 1868 – Desencarnou em 19 de março de 1948.)
BIBLIOGRAFIA: Versos; Fragmentos; Vibrações.
ANTOLOGIA
DOS IMMORTAIS
FRANCISCO
CÂNDIDO XAVIER
Ditados
por Espíritos Diversos
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