sexta-feira, 6 de novembro de 2015


Maledicência

No livro “A essência da amizade”, encontramos um precioso texto de autoria de Huberto Rohden, que trata da velha questão da Maledicência.


Com o título de Não fales mal de ninguém, o referido autor tece os seguintes comentários:


“Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.


Qual a razão última dessa mania de maledicência?


É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.


Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.


A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma.


Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.


Esses homens julgam necessário apagar luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.


São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.


Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.


Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.

Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.”(...)


“As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.


Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.”



A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens.


Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizadores e traçar rotas seguras.


Fala-se muito por falar, para “matar tempo”.


A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.


Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.


Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.


Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas que se atiraram sobre outras nações, transformando-as em ruínas.


Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.


Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.


Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio.
São enfermos em demorado processo de reajuste.


Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.


Pense nisso!


Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.


Evitemos a censura.


A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.
Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.


Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.


Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.


Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”.


Pensemos nisso.

Momento Espírita

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