O que foi o Auto-de-Fé Barcelona? ??? (3)
Nesta última sexta-feira 09, a maior inquisição ao
espiritismo completou 154 anos
Recebi sem autoria, enviado pela amiga Eleonora
Bessoni, pelo que agradeço
O que foi o
Auto-de-Fé Barcelona? ???
O livreiro Maurício Lachatre, estabelecido em
Barcelona, foi um grande propagandista do Espiritismo na Espanha e havia
encomendado trezentos volumes de diversos títulos espíritas a Allan Kardec.
O material chegou à Espanha através de tramitação
legal, com impostos e taxas devidamente pagos por Kardec e com a documentação
correta.
O destinatário pagou os direitos de entrada dos
volumes, mas antes que os mesmos fossem entregues, uma relação dos títulos foi
entregue ao bispo de Barcelona, pois, a liberação de livros e ou sua censura,
competia à autoridade eclesiástica. O bispo tomando conhecimento da
natureza dos livros ordenou que fossem apreendidos e queimados em praça pública
pela mão do carrasco.
Os livros deveriam em tal situação ser devolvidos
ao remetente em seu país de origem - a França. Contudo tal
não aconteceu e o espetáculo- só assim pode-se classificar tal ato de
intolerância e intransigência- foi marcado para o dia 9 de outubro de
1861. Naquela data, às 10h30min horas, os volumes foram queimados
como se fossem réus da inquisição. Alguns assistentes revoltados gritavam:
"Abaixo a inquisição!".
Contudo, essa atitude intransigente contribuiu
enormemente para a propaganda da doutrina.
A perseguição prosseguiu, dissimulada, mas
acirradamente, por muito tempo. O clero nunca escondeu seu desagrado com
relação à mensagem espírita.
Entre os volumes queimados estavam:
• Exemplares da Revue Spirite;
• "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec;
• "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec;
• "O que é o Espiritismo", Allan Kardec;
• "Fragmento de uma Sonata", ditado pelo Espírito Mozart;
• "Carta de um Católico sobre o Espiritismo", Dr. Grand;
• "A História de Joana D'Arc", médium Mlle. Ermance Dufaux, Autora Joana D'Arc;
• "A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta", Barão de Guldenstubb.
• "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec;
• "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec;
• "O que é o Espiritismo", Allan Kardec;
• "Fragmento de uma Sonata", ditado pelo Espírito Mozart;
• "Carta de um Católico sobre o Espiritismo", Dr. Grand;
• "A História de Joana D'Arc", médium Mlle. Ermance Dufaux, Autora Joana D'Arc;
• "A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta", Barão de Guldenstubb.
REPERCUSSÃO
Extenso relato do evento, realizado na mesma
esplanada onde eram executados os criminosos condenados à morte, foi publicado
no periódico barcelonense "La Corona", que se manifestou contra tal
ato.
Os principais jornais da Espanha deram conta
minuciosa do fato, que os órgãos da imprensa liberal do país muito justamente
profligaram. É de notar-se que na França os periódicos liberais se limitaram a
mencionar o fato sem comentários.
O acontecimento deu ensejo a muitas comunicações
por parte dos Espíritos. Em 19 de outubro Kardec , quando retornou de
Bordéus, recebeu a seguinte comunicação:
"Fazia-se mister alguma coisa que chocasse com
violência certos Espíritos encarnados, para que se decidissem a ocupar-se com
essa grande doutrina, que há de regenerar o mundo. Nada, para isto, se faz
inutilmente na Terra e nós que inspiramos o auto-de-fé em Barcelona, bem
sabíamos que, procedendo assim, forçávamos um grande passo para frente. Esse
fato brutal, inaudito nos temos atuais, se consumou tendo por fim chamar a
atenção dos jornalistas que se mantinham indiferentes diante da agitação
profunda que abalava as cidades e os centros espíritas. Eles deixavam que
falassem e fizessem o que bem entendessem; mas, obstinavam-se em passar por
surdos e respondiam com o mutismo ao desejo de propaganda dos
adeptos do Espiritismo. De bom ou mau grado, hoje falam dele; uns comprovando o
histórico do fato de Barcelona; outros, desmentindo-o, ensejaram uma polêmica
que dará volta ao mundo, de grande proveito para o Espiritismo. Essa a razão
por que a retaguarda da Inquisição fez hoje o seu último auto-de-fé.
assim que o quisemos."
Assinado Um Espírito
Assinado Um Espírito
PALAVRAS DE KARDEC
Diante desse último fato, Allan Kardec, pela
Revista Espírita que já tinha assinantes em quase todo o mundo, proclamou:
"Espíritas de todos os países! Não esqueçais a
data de 9 de outubro de 1861. Será marcada nos anais do Espiritismo. Que ela
seja para vós um dia de festa e não de luta, porque é o penhor de vosso
próximo triunfo."
KARDEC CONSULTA A ESPIRITUALIDADE SOBRE OS EVENTOS
DE BARCELONA.
(Em minha Casa, Médium Sr. ...)
(21 de setembro de 1861).
(21 de setembro de 1861).
A pedido do Sr. Lachatre, então estabelecido em
Barcelona, eu lhe expedira uma quantidade de O Livro dos Espíritos, O Livro dos
Médiuns, as coleções da Revista Espírita, e diversas obras e brochuras
espíritas, formando um total em torno de 300 volumes. A expedição fora
feita regularmente, pelo seu correspondente em Paris, numa caixa contendo
outras mercadorias e sem a menor infração à legalidade. Na chegada dos
livros, se fez o destinatário pagar os direitos de entrada, mas, antes de
libera-los, deveu-se submetê-los à apreciação do Bispo, a autoridade
eclesiástica sendo, nesse país, a polícia das livrarias. Este estava
então em Madrid; em seu retorno, sobre o relatório que disso lhe foi feito,
ordenou que as ditas obras fossem apreendidas e queimadas em praça pública,
pela mão do carrasco. A execução da sentença foi fixada para 9 de Outubro
de 1861.
Se se tivesse procurado introduzir essas obras por
contrabando, a autoridade espanhola estaria em seu direito de dispor delas sua
maneira; mas, desde o instante que não houve fraude nem surpresa, o que provam
os direitos voluntariamente pagos, era de rigorosa justiça que se lhes
ordenasse a reexportação, se não lhe conviesse admiti-los. As reclamações
feitas junto ao cônsul francês, em Barcelona, foram sem resultado. O Sr.
Lachatre me perguntou se era preciso submetê-los à autoridade superior; o meu
conselho foi o de deixar consumar-se esse ato arbitrário; todavia, acreditei
dever tomar o do meu guia espiritual.
Pergunta (Verdade). Não ignorais, sem dúvida,
o que vem de se passar em Barcelona a respeito das obras espíritas; tereis a
bondade de me dizer se convém perseguir a sua restituição?
Resposta. É Em direito podes reclamar essas obras,
e delas, certamente, obtereis a restituição, dirigindo-se ao Ministro dos
Assuntos Estrangeiros da França. Mas a minha opinião que resultar desse
auto-de-fé um bem maior que não produziria a leitura de alguns volumes. A
perda material não é nada em comparação com a repercussão que semelhante fato
dará a Doutrina. Compreendes o quanto uma perseguição tão ridícula e tão
atrasada poderá fazer o Espiritismo progredir na Espanha. As ideias se
difundirão com tanto mais rapidez, e as obras serão procuradas com tanto mais
diligência, quanto as tiver queimado. (*) Tudo está bem.
Pergunta. Convém, fazer, a esse respeito, um artigo
no próximo número da Revista? ???
Resposta. Espera o auto-de-fé.
(Obras Póstumas, FEB)
(*) grifo nosso.
...E A INTRANSIGÊNCIA AINDA NÃO FORA TOTALMENTE
VENCIDA
De Barcelona enviaram a Kardec uma aquarela feita
in loco por um artista distinto, representando a cena do auto-de-fé.
Kardec mandou fazer do quadro uma redução
fotográfica. Um punhado de cinzas apanhado na fogueira, alguns fragmentos
legíveis de folhas queimadas foram colocados em uma urna de cristal (que foi
destruída durante a 2a. Grande Guerra).
Beijos e
fraternais abraços,
Renato Dantas Magalhães
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