domingo, 26 de outubro de 2014


Deus é Amor.

Jamais condenes.


Deus é, sobretudo, amor.


Em arena vasta do Plano Espiritual, achava-se um homem desencarnado em julgamento.


O mentor indicado para instruí-lo, quanto ao que lhe cabia fazer, a fim de regenerar-se, passou a encontrar muita dificuldade para desincumbir-se dos próprios encargos.


Acontece que o recinto das advertências fora invadido por enorme turba de acusadores.


Esse apontava o infeliz, na condição de celerado que lhe havia aniquilado a família no mundo; aquele mostrava-lhe os punhos cerrados, prometendo-lhe vingança pelos males de que fora vitima; outro pedia para ele a pior sentença; e outras entidades, incluindo mulheres desventuradas, dirigiam-lhe frases cruéis.


Então, o orientador indagou do réu se não lembrava, por si mesmo, algum bem que havia feito. Não teria, porventura, auxiliado em favor de alguma criança perdida ou amparado a essa ou aquela viúva sem ninguém? Nunca se aproximara de um mendigo doente, buscando reduzir-lhe as necessidades? Acaso, não haveria socorrido algum animal apedrejado ou protegido alguma fonte?


O infortunado companheiro revelou ansiedade e amargura nos olhos, a engolirem as próprias lágrimas, e respondeu pela negativa, confessando ainda que impusera a morte a sua própria mãe, com certeira punhalada, de modo a furtar-lhe as ultimas jóias escondidas num jirau.


Foi aí que a massa de escarnecedores se desmandou em gritaria.

O mentor recomendou mais ordem novamente e já se preparava a solicitar o parecer de orientadores domiciliados em planos mais altos, quando nobre mulher, de aparência simples, mas nimbada de luz, penetrou o salão e explicou-se em alta voz:


- Senhor juiz, manda a verdade seja dita que este homem proporcionou imensa alegria a uma filha de Deus, assim que todos somos. Ele foi a esperança e o sonho, a felicidade e a força que lhe acalentaram a vida...


- Ainda assim – ponderou o magistrado – terá ele de amargar longo período de provas, encarcerado num corpo disforme, entre as criaturas da Terra.


Ela, porém, aclarou com humildade:


- Compreendo que a justiça deve exercer-se, em auxilio a nós todos. Essa mulher, no entanto, o abençoará e acompanhará seja onde for... Lutará por ele e chorara de dor e de alegria, até que a beleza com que Deus o criou lhe brilhe na face por bendita luz....


O Juiz, admirado, volto a perguntar-lhe:


- Senhora, quem sois vós que defendeis assim um celerado?


A dama não declinou a própria condição, mas encaminhou-se para o réu, abraçou-o e beijou-lhe o rosto de que os demais se afastavam com asco... Em seguida, ergueu a fronte e, contemplando a assembléia espantada, proclamou enternecida:

- Declaro, perante Deus, que ele é meu filho.

Meimei

Do livro: Deus Aguarda, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Nenhum comentário:

Postar um comentário