quinta-feira, 15 de julho de 2021

 

REFLEXÕES

"Deus não se mostra, mas afirma-se mediante suas obras.

Quantos já fizeram experiências científicas com a energia elétrica? A partir de qual momento foi possível afirmar que havia prova da sua existência?

Apesar de Tales de Mileto tê-la descoberto na Grécia Antiga, se alguém afirmasse isso no século XIII, seria queimado na fogueira como demoníaco. Se falasse no início do século XVII, seria tido por louco.

Foi apenas em meados do século XVII, 23 séculos depois de Tales de Mileto, que se iniciaram estudos sistematizados da energia elétrica com Otto von Guericke.

No século XVIII vieram Ewald Georg von Kleist, Petrus van Musschenbroek, Benjamin Franklin, Luigi Aloisio Galvani e outros.

No século XIX, vieram James Clark Maxwell, Heinrich Hertz, Thomas Alva Edson e outros.

Em 1876, próximo do final do século XIX, ainda não se sabia transmitir a energia elétrica gerada.

Qual a importância disso para o estudo dos Espíritos? Ninguém vê propriamente a energia elétrica, mas apenas os efeitos que provoca, sendo possível senti-la.

Até o início do século XVIII, mesmo apesar dos estudos de alguns dos cientistas geniais aqui citados, a grande maioria das pessoas negava existir a energia elétrica.

Algo similar acontece com os Espíritos, que, em regra, não se mostram aos olhos da maioria dos humanos. Segundo Kardec, no item 105 do Livro dos Médiuns:

“Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível e tem isto de comum com uma imensidade de fluidos que sabemos existir, sem que, entretanto, jamais os tenhamos visto. Mas, também, do mesmo modo que alguns desses fluidos, pode ele sofrer modificações que o tornem perceptível à vista, quer por meio de uma espécie de condensação, quer por meio de uma mudança na disposição de suas moléculas. Aparece-nos então sob uma forma vaporosa”.

O estudo do Espírito enquanto objeto científico começou apenas em meados do século XIX, com Allan Kardec. Quem lê suas obras nota a sua rara racionalidade e capacidade científica, mas é preciso, como sempre, desenvolver e difundir a ciência que ele sistematizou.

Os experimentos Scole dão provas robustas da existência de Espíritos, pois registraram em áudio, fotos e vídeo a desmaterialização e rematerialização de objetos, comunicações espirituais, toques deles nos pesquisadores por meio de uma mão visível e palpável etc.

Livro – O Experimento Scole: Evidências Científicas Sobre a Vida Após a Morte - Grant e Jane Solomon

 

Como de costume, alega-se que pode haver embuste nesses experimentos.

Há pessoas que poderiam se deparar com o Espírito de um ente querido, se comunicar claramente com ele e, mesmo assim, não acreditariam que aquilo tivesse realmente ocorrido. Não adianta querer fazer enxergar aquele que não quer ver. Recorre-se com frequência à justificativa do sonho e das alucinações para afastar qualquer possibilidade espiritual.

No caso dos que estão abertos a entender os Espíritos, eles são inteligências fora do corpo físico, ou seja, são nós mesmos, humanos, desencarnados, não havendo o que temer, mas apenas respeitar e compreender. É preciso, no entanto, um forte senso crítico para que a aceitação da existência dos Espíritos, ou para que a afinidade com a Ciência Espírita, não leve a conclusões precipitadas.

Carl Gustav Jung, o pai da Psicologia Analítica, passou toda sua vida lidando com experiências mediúnicas de sua mãe e dele próprio, porém nunca afirmou existir prova científica da existência dos Espíritos.

Com receio de ser execrado do meio científico, uma vez que já tinha sofrido retaliações de Freud e outros por se interessar pelo Ocultismo, ele era muito cauteloso e não afirmou abertamente que tinha contatos com o mundo espiritual até a sua última brilhante obra, escrita quando já tinha mais de 80 anos de idade. Nela, ele afirma:

“Não foram somente os meus sonhos mas, ocasionalmente, os de outras pessoas que, revisando ou confirmando os meus, deram forma às minhas concepções a respeito de uma sobrevida” (Memórias, Sonhos e Segredos, p. 40).

Jung cita ao longo desse livro inúmeros casos de premonições dele e de outras pessoas, encontros com Espíritos durante o desprendimento da alma ao longo do sono, com coincidências incríveis e que, de tão incríveis, o levaram a concluir que aquilo não era simplesmente ação da sua imaginação.

Como todo bom cientista, Jung procurava se questionar bastante sobre todos os sonhos e visões que tinha. O mesmo acontecia com Camille Flammarion. Em texto anterior publicado aqui no blog, um leitor deixou comentário sobre o fato de o próprio astrônomo ter afirmado que as cartas escritas por ele e assinadas como “Galileu” não foram eventos mediúnicos em comunicação com Galileu Galilei, mas apenas sonhos, elementos da sua imaginação:

“Naquelas reuniões na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, escrevi, por meu lado, páginas sobre astronomia assinadas por ‘Galileu’. Essas comunicações ficavam no escritório da sociedade, e Allan Kardec publicou-as em 1867, sob o título Uranographie générale (Uranograjia Geral), em seu livro intitulado Genese (Gênese) (do qual conservei um dos primeiros exemplares, com a dedicatória do autor).

Como se nota, muito pouco mudou. O tema dos Espíritos era tratado do final do século XIX para o início do século XX pela maioria como fantástico e de forma fantasiosa. Uns queriam negar a todo custo e outros queriam acreditar a todo custo. Os famosos que acreditavam buscavam, muitas vezes, não aparecer, com receio dos preconceitos de pessoas que os criticavam duramente sem nada saber das manifestações.

Não é nenhuma novidade a desconfiança humana em relação ao que é novo, sobretudo ao que desmente suas crenças, mais especialmente ainda se disser respeito a suas crenças mais íntimas sobre quem ele é e sobre como o mundo a sua volta funciona. Flammarion nos remete, então, de volta à descoberta da eletricidade:

“Em 1791, um italiano, em Bolonha, tendo pendurado na balaustrada de sua janela rãs esfoladas, com as quais havia preparado um caldo para sua jovem esposa doente, viu-as se mexerem automaticamente, embora elas tivessem sido mortas na véspera. O fato era inacreditável e, por isso, Galvani encontrava uma oposição unânime por parte daqueles a quem contava o fato. Os homens sensatos pensavam que se rebaixariam caso se dessem ao trabalho de verificá-lo, tanto que estavam certos de sua impossibilidade. Todavia, Galvani chegara a notar que o efeito máximo se produzia quando se colocava um arco metálico de estanho e cobre em comunicação com os nervos lombares e a extremidade das patas da rã. Então, ela entrava em convulsões violentas. Ele pensou tratar-se do fluido nervoso e perdeu o fruto de suas descobertas. Ele estava reservado a Volta, ao descobrir a eletricidade” (As forças naturais desconhecidas, p. 17)."

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