domingo, 3 de março de 2019

HISTÓRIA DE UMA SESSÃO

ANDRÉ LUIZ

Organizado a sessão de estudo evangélico, os Espíritos Benfeitores, através das doces intimações da prece, foram convidados à execução de regular empreitada. 

520 orientações a companheiros doentes com especificações e conselhos técnicos.
50 passes magnéticos, em benefício de enfermos encarnados.
200 intervenções de socorro a entidades sofredoras, ausentes do equipamento físico.
35 visitas de assistência a lares distantes.
150 notas socorristas para desligamento de obsessores e inimigos inconscientes. 

E devem ainda eliminar dois suicídios potenciais, evitar um homicídio provável, afastar as possibilidades de dois divórcios infelizes e ajustar mais de cem entendimentos, em favor da fraternidade, da harmonia e da reencarnação.

Em troca, os componentes da assembléia deviam dar de si mesmos um pouco de alegria, de fé viva, de serenidade e de paciência, com algumas palavras de carinho e amizade para sustentarem o clima vibratório, necessário à realização das tarefas indicadas aos colaboradores invisíveis que começaram a atuar.

Iniciada a empresa, porém, depois de alguns raros amigos haverem atendido heroicamente aos encargos que lhes competiam, eis que a reunião se veste de sombras.

O nevoeiro da ociosidade mental invadiu quase todos os departamentos da casa. 

Dois prestimosos cooperadores passaram a visitar o pensamento dos companheiros encarnados, rogando concurso urgente, mas o silêncio e a inércia continuaram operando. 

Consultando, em espírito, com respeito à contribuição de que se faziam devedores, cada qual respondia a seu modo, falando mentalmente. 

Um cavalheiro deu-se pressa em esclarecer que era ignorante e imprestável. 

Um jovem tribuno do Evangelho afirmou-se doente e incapaz. 

Um companheiro de serviço alegou que se sentia envergonhado e inapto para qualquer comentário construtivo.

Uma senhora perguntou se os Espíritos Amigos não poderiam solucionar os compromissos da sessão em cinco minutos. 

Um lidador juvenil explicou que se sentia diminuído à frente dos mentores e experimentava o receio de falar sem brilho, depois deles. 

Um antigo beneficiário solicitou a concessão de maca em que pudesse confiar-se ao repouso. 

Um ouvinte preocupado adiantou-se consultando o relógio e bocejou entediado. 

Uma robusta irmã pediu fosse colocada uma cadeira preguiçosa em lugar do banco áspero que a servia. 

E quase todos, incluindo jovens e adultos letrados e indoutos, necessitados ou curiosos, descansaram na improdutividade, acreditando que é sempre melhor observar sem responsabilidade, à espera do fim.

E a sessão, que deveria ser manancial cantante de bênçãos com alegria e paz, união e entendimento de corações fraternos e calorosos na fé, prosseguiram até à fase final, qual se os companheiros estivessem situados num velório de grande estilo, cercados pelo crepe arroxeado da tristeza e do luto, queimando o incenso precioso do tempo em câmara funerária.

Que entre nós, meus amigos, assim não aconteçam. 

Espiritismo é amor e contentamento. 

Sempre que desejardes a vitória do bem, auxiliai o bem e plantai-o.

Trazei até nós o concurso da boa vontade, que é a alavanca de todos os prodígios do progresso, enriquecendo-nos o santuário comum com os dons da saúde e da esperança, do otimismo e da fé. 

Permutemos experiências e corações. 

Amparemo-nos aos outros. 

A nossa Doutrina Consoladora é Sol e não devemos esquecer que a vida é ação permanente, porque a inércia, em toda parte, é sempre a antecâmara da estagnação ou da morte.

Da Obra “Apostilas da Vida” - André Luiz - Psicografia: Francisco Cândido Xavier.

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