quarta-feira, 31 de dezembro de 2014



Razões da Vida

Indagas, muita vez, alma querida e boa:
– “Meu Deus, por que essa
dor
que me atormentar o ser?”
E segues, trilha afora, em pranto o
culto
,
De
sonho
encarcerado, a lutar e a sofrer.
Anelas outro clima, outro lar e outros rumos,
Entretanto, o dever te algema o coração
dorido
Ao campo de trabalho que abraçaste,
Atendendo, na Terra, a
divino
sentido.

Antes de renascer, os seres responsáveis
Notam as próprias dívidas quais são
E suplicam a Deus lhes conceda no mundo
O caminho que os leve à redenção.

Não recalcitres, pois, contra os próprios encargos
Que te pareceu fardos de problemas,
Encontras-te no encalço da conquista
De bênçãos imortais e
alegrias supremas.

A lágrima que vertes padecendo
Longas tribulações, entre lutas e crises,
É um remédio da vida, em nossos olhos,
Que nos faculte ver os irmãos infelizes.

O abandono dos seres que mais amas,
Criando-te a aflição em que choras e anseias,
É um curso de lições em que aprendemos
Quanto custam na estrada as
angústias alheias.
Familiares que te contrariam
Trazem-nos à lembrança os gestos rudes
Com que outrora ferimos entes caros
No fel de nossas próprias
atitudes.

Afeição de outras eras que descubras,
Querendo-lhe debalde a presença e a união,
E instrumento de
amor que te inspira a renúncia
Para o trabalho da sublimação.

A experiência humana é breve aprendizado
E essa tribulação que te fere e domina
É recurso dos Céus, em nosso amparo,
Zelo, defesa e luz da Bondade Divina.


Sofre sem reclamar a
prova
que te coube,
Mesmo que a
dor te espanque, atingindo apogeu
s...
E, um dia, exclamarás, ante os sóis de outra vida:
– “Bendita seja a Terra!... Obrigado, meu Deus!"

Maria Dolores

Do livro: A Vida Conta, psicografia de Francisco Cândido Xavier

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