terça-feira, 11 de setembro de 2012

O Evangelho no Lar


  
O Espiritismo, nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo em seus fundamentos mais simples”. A sentença do Espírito Emmanuel (2008d, p.95), pela psicografia de Chico Xavier, encontra-se no livro “Roteiro”.
O benfeitor (2008d, p. 98) acrescenta que “o Evangelho é chamado a orientar os aprendizes da ciência do Espírito, para que, levianos ou desavisados, não se precipitem a imensos resvaladouros de amargura e desilusão”.
Nestas anotações de estudos sobre “O Evangelho no Lar”, recorramos ainda ao amigo celestial (2008c, p.88) que, em “Palavras de Emmanuel”, orienta e exorta: “Irmãos e amigos. Ainda é para o estudo e a prática do Evangelho, em sua primitiva pureza, que tereis de voltar o vosso entendimento, se quiserdes salvar da destruição o patrimônio de conquistas grandiosas da vossa civilização”.
Neste capítulo da primitiva pureza, Ari Lex, citado por Melo (2006, p.41), esclarece quanto à pureza doutrinária:
No movimento espírita costuma haver uma certa condescendência para com as pequenas deturpações, condescendência essa rotulada como tolerância cristã. Estão errados. Tolerância deve haver para as falhas das pessoas, que devem ser esclarecidas e apoiadas, ajudando-as a saírem do ciclo erro-sofrimento. Tolerância com as pessoas, sim, mas conivência com as deturpações, jamais. (...) É urgente e fundamental que todos aqueles que tiveram a ventura de entender o Espiritismo lutem, dia a dia, pela manutenção da pureza doutrinária. Que não se omitam. (...) O que não se pode permitir é que, em nome do Espiritismo, se pratiquem atos totalmente condenados pela Doutrina.

Em “O Passe”, encontramos Jacob Melo (2006, p. 41) fazendo a seguinte referência:
[...] entendemos como pureza doutrinária a fidelidade que devemos ter ao Pentateuco Kardequiano e o respeito à sua linha isenta de rituais, cismas e dogmas, buscando a atualidade das coisas mas não nos entusiasmando excessivamente pelas levas sucessivas de modismos que de tempos a tempos assola nosso meio, quase sempre destituídas de qualquer fundamentação lógica ou doutrinária.

Conscientes das responsabilidades expostas e fieis a Jesus e a Kardec, recorramos ao “O Livro dos Espíritos”, questão 208, para fundamentar a prática e o compromisso do Evangelho no Lar.

O.L.E. Q-208. Os Espíritos dos pais não exercem influência sobre os dos filhos, após o nascimento destes?
R - Exercem, e muito, pois já dissemos, os Espíritos devem concorrer para o progresso recíproco. Pois bem, os Espíritos dos pais têm a missão de desenvolver os dos filhos pela educação: isso é para eles uma tarefa. Se nelas falharem, serão culpados.

Na obra “O Consolador”, encontramos Emmanuel (2008b, p. 91), respondendo ao seguinte questionamento:

Q-110. Qual a melhor escola de preparação das almas reencarnadas, na Terra?
R – A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter.
Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem.
Na sua grandiosa tarefa de cristianização, essa é a profunda finalidade do Espiritismo evangélico, no sentido de iluminar a consciência da criatura, a fim de que o lar se refaça e novo ciclo de progresso espiritual se traduza, entre os homens, em lares cristãos, para a nova era da humanidade.

Outros fundamentos para a prática do Evangelho no Lar nos são oferecidos pelos Espíritos comprometidos com o bem.

  • Emmanuel, em “Luz no lar”, (1997, p. 11-12):

O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte, onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. (...) Quando o ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum.

  • Bezerra de Menezes, em “Temas da vida”, (1978):

Trabalhemos pela implantação do Evangelho no Lar, quando estiver ao alcance de nossas possibilidades. (...) Trazer as claridades da Boa Nova ao templo da família é aprimorar todos os valores que a experiência terrestre nos pode oferecer.

  • André Luiz, em “Desobssessão”, (2003, p. 239):

Os espíritas e, em particular, os participantes de grupos mediúnicos (...) precisam compreender a necessidade do Culto do Evangelho no lar. Pelo menos, semanalmente, é aconselhável se reúna com os familiares ou com alguns parentes capazes de entender a importância da iniciativa, em torno da Doutrina Espírita, à luz do Evangelho do Cristo e, sob a cobertura moral da oração.

  • Joanna de Ângelis, em “Espírito e Vida”, (1991, p. 90):

Pelo menos, uma vez por semana, reúne a tua família e felicita-a com o Espiritismo, criando, assim, e mantendo, o culto evangélico, para que a diretriz do Mestre seja eficiente rota de amor à sabedoria em tua casa... (...) E se desejares felicidade, na Terra, incorpora-o ao teu lar, criando um clima de felicidade geral.

  • Joanna de Ângelis, em “Leis Moraes”, (1987, p. 19):

A transformação do lar em célula viva do Cristianismo operante constitui labor impostergável. Isto porque o lar é a matriz geradora da comunidade ditosa, sobre a qual repousam os sustentáculos das nacionalidades progressistas. Acende o sol do Evangelho em casa, reúne-te com os teus para orar e jamais triunfarão trevas em teu lar, em tua família, em teu coração

  • Bezerra de Menezes, em “Temas da vida”, (1978):

(...) Auxiliemos a plantação do Cristianismo no santuário familiar, à luz da Doutrina Espírita, se desejamos efetivamente a sociedade aperfeiçoada amanhã.


NOTA

Segundo a Federação Espírita Brasileira – FEB – são objetivos do Evangelho no Lar:

  • Estudar o Evangelho de Jesus possibilita compreender os ensinamentos cristãos, cuja prática nos conduz ao aprimoramento moral.

  • Criar em todos os lares o hábito de se reunir em família, para despertar e acentuar nos familiares o sentimento de fraternidade.

  • Pelo momento de paz que o Evangelho proporciona ao Lar, pela união das criaturas, propiciando a cada um uma vivência tranquila e equilibrada.

  • Higienizar o Lar por pensamentos e sentimentos elevados e favorecer a influência dos Mensageiros do Bem.

  • Facilitar no Lar e fora dele o amparo necessário diante das dificuldades materiais e espirituais, mantendo operantes os princípios da vigilância e da oração.

  • Elevar o padrão vibratório dos componentes do Lar e contribuir com o Plano Espiritual na obtenção de um mundo melhor.

  • Tornar o Evangelho conhecido, compreendido, sentido e exemplificado em todos os ambientes.


ROTEIRO

Ainda com base nas orientações da Federação Espírita Brasileira – FEB, apresentamos o seguinte roteiro para a prática do Evangelho no Lar:

1. Início da reunião – prece simples e espontânea.

2. Leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo – começar desde o prefácio, lendo um item ou dois sempre em sequência.

3. Comentários sobre o texto lido – devem ser breves e contando com a participação dos presentes, evidenciando o ensino moral aplicado às situações do dia-a-dia.

4. Vibrações – Pela fraternidade, paz e equilíbrio de toda a Humanidade, por todos os governantes e por aqueles que têm sob a sua responsabilidade crianças, jovens, adultos e idosos; pela implantação e vivência do Evangelho em todos os lares; pelo próprio lar dos participantes, mentalizando paz, harmonia e saúde para o corpo e para o espírito.

5. Pedidos – Pode-se pedir pelos parentes, amigos, por pessoas que não participem do círculo de amizades e por toda Humanidade.

6. Prece de encerramento – Simples, sincera e espontânea, agradecendo a Deus, a Jesus e aos Bons Espíritos.


Importante Observar, segundo a FEB:
  • A prática do Evangelho no Lar não deve ser transformada em reunião mediúnica.
  • Toda intuição e inspiração, que possam ocorrer, devem ficar no campo dos comentários gerais, no momento oportuno.

Outras observações:

Não convém aplicar passes “nos lares”

Segundo Jacob Melo (2006, p. 160), em “O Passe”, não convém aplicar passes
Nos lares. Quando a prática do passe no nosso lar assumir características de rotina ou quando formos ali para atender comodismos ou “vergonhas” do paciente em ir ao “Centro Espírita”, verdadeiramente não convém a prática.

Como implantar o Evangelho no Lar?

Determinar, uma vez por semana, um horário que seja adequado para a família – a prática pode durar em média 20 ou 30 minutos, respeitando sempre dia e horário determinados.
Crianças podem tomar parte da reunião; visitantes ocasionais podem ser convidados a participar, explicando, caso não sejam espíritas ou não conheçam a prática, que não se trata de uma sessão mediúnica, mas de um breve estudo do Evangelho, seguido de preces.


Água fluidificada

Pode-se deixar uma jarra com água para ser fluidificada durante a reunião, podendo a mesma ser bebida por todos da família, logo após o término do Evangelho. (Podemos entender água fluidificada como água ‘normal’ acrescida de fluidos curadores).


“Abraça, pois, no trabalho como serviço, a rota de cada dia, e, com a tua utilidade para os outros, obterás, através dos outros, o caminho, o apoio, o auxílio e o incentivo para a tua segurança, tranqüilidade, alegria e libertação” (EMMANUEL, 2008a, p. 113).

REFERÊNCIAS


Federação Espírita Brasileira, 2012.


FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: Leal, 1991.


__________. Leis Morais. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: Leal, 1987.


MELO, Jacob. O passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática. 17 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.


XAVIER, Francisco Cândido. Desobssessão. Pelo Espírito André Luiz. 23 ed. Rio de Janeiro: FEB. 2003.


__________. Luz no lar. Por diversos Espíritos. 8. ed. Rio de janeiro: FEB, 1997.


__________. Encontro Marcado. Pelo Espírito Emmanuel. 13 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008a.


__________. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008b.


__________. Palavras de Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 10 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008c.


__________. Roteiros. Pelo Espírito Emmanuel. 13 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008d.


__________. Temas da vida: Evangelho no lar. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. São Paulo: CEU, 1978.



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