segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Diante de tudo


 
Diante de Tudo

Diante de tudo, estabelece Jesus para nós todos uma conduta básica, de que todas as providências exatas se derivam para a solução dos problemas no caminho da vida.



Sombra – Caridade da luz.


Ignorância – Caridade do ensino.


Penúria – Caridade do socorro.


Doença – Caridade do remédio.


Injúria – Caridade do silêncio.


Tristeza – Caridade do consolo.


Azedume – Caridade do sorriso.


Cólera – Caridade da brandura.


Ofensa – Caridade da tolerância.


Insulto – Caridade da prece.


Desequilíbrio – Caridade do reajuste.


Ingratidão – Caridade do esquecimento.



Diante de cada criatura, exerçamos a caridade do serviço e da bênção.



Todos somos viajores na direção da Vida Maior.



Doemos amor à Deus, na pessoa do próximo, e Deus, através do próximo, dar-nos-á mais amor.

Bezerra de Menezes

Do livro Caminho Espírita, psicografia de Francisco Cândido Xavier

domingo, 29 de setembro de 2013

Que Fizeste da Vida


 
Que Fizeste da Vida

Olhai os pássaros de nosso país durante os meses de inverno, quando o céu está sombrio, quando a terra está coberta com um branco manto de neve, agarrados uns aos outros, na borda de um telhado, eles se aquecem mutuamente, em silêncio. A necessidade os une. Contudo, nos belos dias, com o sol resplandecendo e a provisão abundante, eles piam quanto podem, perseguem-se, batem-se e se machucam. Assim é o homem. Dócil, afetuoso para com seus semelhantes nos dias de tristeza, a posse dos bens materiais muitas vezes o torna esquecido e insensível.



Uma condição modesta faz mais bem ao espírito desejoso de progredir, de adquirir as virtudes necessárias para seu progresso moral. Longe do turbilhão dos prazeres fugazes, ele julgará melhor a vida, dará à matéria o que é necessário para a conservação de seus órgãos, porém evitará cair em hábitos perniciosos, tornar-se presa das inúmeras necessidades factícias que são o flagelo da humanidade. Ele será sóbrio e laborioso, contentando-se com pouco, apegando-se aos prazeres da inteligência e às alegrias do coração.

Fortificado assim contra os assaltos da matéria, o sábio, sob a pura luz da Razão, verá resplandecer seu destino. Esclarecido quanto ao objetivo da vida e ao porquê das coisas, ficará firme e resignado diante da dor, que ele aproveitará para sua depuração e seu progresso.



Enfrentará a provação com coragem, sabendo que ela é salutar, que ela é o choque que rasga nossas almas e que só por este rasgão se derrama tudo quanto de fel e de amargura há em nós.



E se os homens se riem dele, se ele é vítima da intriga e da injustiça, ele aprenderá a suportar pacientemente seus males, lançando seus olhares para vós; oh! nossos irmãos mais velhos, para Sócrates bebendo a cicuta, para Jesus crucificado e para Joana na fogueira. Haverá consolação no pensamento que os maiores, os mais virtuosos e os mais dignos sofreram e morreram pela humanidade.



Após uma existência bem preenchida, chegará a hora solene e é com calma, sem desgostos que virá a morte, a morte que os homens cercam com um sinistro aparato, a morte, espantalho dos poderosos e dos sensuais e que, para o pensador austero, é a libertação, a hora da transformação, a porta que se abre para o império luminoso dos espíritos.



Esse pórtico das regiões extraterrestres será penetrado com serenidade se a consciência, separada da sombra da matéria, erguer-se como um juiz, representante de Deus, perguntando: “Que fizeste da vida?” e ele responder: “Lutei, sofri, amei! Ensinei o Bem, a Verdade e a Justiça; dei a meus irmãos o exemplo do correto e da doçura; aliviei as dores dos que sofrem e consolei os que choram. Agora, que o Eterno me julgue, pois estou em suas mãos!”



Homem, meu irmão, tem fé em teu destino, porque ele é grande. Confia nas amplas perspectivas porque ele põe em teu pensamento a energia necessária para enfrentar os ventos e as tempestades do mundo. Caminha, valente lutador, sobe a encosta que conduz a esses cimos que se chamam Virtude, Dever e Sacrifício. Não pares no caminho para colher as florezinhas do campo, para brincar com os calhaus dourados. Para frente, sempre adiante.



Olha nos esplêndidos céus esses astros brilhantes, esses sóis incontáveis que carregam em suas evoluções prodigiosas, brilhantes cortejos de planetas. Quantos séculos acumulados foram precisos para formá-los e quantos séculos serão precisos para dissolvê-los.



Pois bem, chegará um dia em que todos esses sóis serão extintos, ou esses mundos gigantescos desaparecerão para dar lugar a novos globos e a outras famílias de astros emergindo das profundezas. Nada o que vês hoje existirá. O vento dos espaços terá varrido para sempre a poeira desses mundos, porém tu viverás sempre, prosseguindo tua marcha eterna no seio de uma criação renovada incessantemente. Que serão então, para tua alma depurada e engrandecida, as sombras e os cuidados do presente? Acidentes fugazes de nossa caminhada que só deixarão, no fundo de nossa memória, lembranças tristes e doces.



Diante dos horizontes infinitos da imortalidade, os males do passado e as provas sofridas serão qual uma nuvem fugidia no meio de um céu sereno.



Considera, portanto, no seu justo valor, as coisas da Terra. Não as desdenhes porque, sem dúvida, elas são necessárias ao teu progresso, e tua obra é contribuir para o seu aperfeiçoamento, melhorando a ti mesmo, mas que tua alma não se agarre exclusivamente a eles e que busque, antes de tudo, os ensinamentos nelas contidos.



Graças a eles compreenderás que o objetivo da vida não é o gozo, nem a felicidade, porém o desenvolvimento por meio do trabalho, do estudo e do cumprimento do dever, dessa alma, dessa personalidade que encontrarás além do túmulo, tal como a tenhas feito, tu mesmo, no curso dessa existência terrestre.

Leon Denis

sábado, 28 de setembro de 2013

Allan kardec - o Educador


 
Allan kardec - o Educador

Perguntas me inquietam ao tentar compreender o Espiritismo. O que levou o educador Allan Kardec a desenvolver pesquisas psíquicas e lançar as bases do Espiritismo? Por que a sua obra diferencia-se de todas as outras obras espíritas?



Hippolyte Leon Denizard Rivail nasceu em Lion, França, em 1804. Dos 10 aos 15 anos estudou em Yverdon, Suíça, no célebre instituto do professor-filantropo Johann H. Pestalozzi. Frases de Pestalozzi sugerem que o ambiente em que Rivail consolidou sua personalidade, valorizava o sentimento e a educação integral através da prática, da observação e da convivência. “O principal do que digo, eu vi. E muito do que aconselho, eu fiz... Tudo o que digo repousa... em minhas experiências reais”, “A manifestação do amor é a salvação do mundo!... é o fio que liga o globo terrestre... que liga Deus e o homem”. “A educação (provém)... do reconhecimento das imutáveis leis da nossa natureza... o objetivo final da educação não é o de aperfeiçoar as noções escolares, mas sim o de preparar para a vida; não de dar o hábito da obediência cega... mas de preparar para o agir autônomo”.

Convicto do poder da educação e com forte senso de obrigação social, Rivail realizou intensa e precoce atividade literária e pedagógica. Chegou a Paris em 1820, se pôs a lecionar e a traduzir obras inglesas e alemãs. Lançou seu primeiro livro em 1823, com 18 anos. Até 1850 publicou 22 obras de ensino pré-universitário sobre pedagogia, mitologia, física, química, astronomia, fisiologia, aritmética, cálculo e gramática. Em 1825, com 20 anos, começou a dirigir uma “Escola de Primeiro Grau”. Em 1826 fundou o instituto técnico “Instituição Rivail”. Com 24 anos, escreveu em seu Plano para a Melhoria da Educação Pública: “A educação exige um estudo especial... conhecimento profundo do coração humano e da psicologia moral... a educação não se limita apenas à instrução... todas as partes... são... estreitamente ligadas...” “A grande diferença entre um professor (se limita a ensinar) e um educador (encarregado do desenvolvimento inteiro do homem)”. “Educação é o resultado do conjunto de hábitos adquiridos... resultado de todas as impressões que os provocavam”. “A inteligência deve ser desenvolvida desde cedo, como a moral, e não é sobrecarregando a memória... mas enriquecendo a imaginação de idéias justas...” Complementa em 1834: “Tudo é intelectual, tudo é moral”. “Conheça o movimento dos astros e seu espírito penetre no espaço; tudo isso está ao alcance... da adolescência. Então, não será, como um bruto, indiferente a tudo o que maravilha seu olhar; então não mais acreditará em almas do outro mundo, nem em fantasmas; não mais tomará fogos-fátuos por espíritos; não mais acreditará nos ledores de sorte... seu espírito se alargará contemplando o espaço imenso e sem limites”. Em 1857 volta a lançar livros, agora sobre Espiritismo, com o pseudônimo de Allan Kardec. Até seu desencarne, em 1869, publicou, pelo menos, 8 obras espíritas. Dos aproximadamente 188 textos que Kardec insere entre as perguntas dO Livro dos Espíritos, 39 estão diretamente relacionadas à educação. Qual força foi capaz de transformar o jovem Rivail, cético do mundo espiritual, no grande codificador do Espiritismo aos 53 anos?



Com intensa atividade intelectual e confiança na ciência para alcançar a verdade, em 1823, com 19 anos, iniciou seus estudos sobre o magnetismo. Ao longo de sua vida associou-se a 12 Academias científicas. Até meados do século XIX a ciência não era uma atividade profissional, e criavam-se academias para debater e aprimorar estes conhecimentos.

Rivail nos define a educação como um ato moral de argumentação racional. Sua confiança no método científico o fez mudar de paradigma, aceitou a existência dos Espíritos desencarnados, porém manteve-se fiel ao seu sonho, definido aos 30 anos com paixão e racionalidade: “a educação é a obra da minha vida, não faltarei à minha missão... inimigo de todo charlatanismo, não tenho o tolo orgulho de acreditar cumpri-la com perfeição, mas tenho ao menos a convicção de cumpri-la com consciência”. Seu entusiasmo com o Espiritismo provém não da descoberta científica da comunicabilidade da alma, mas da percepção de que este conhecimento transformaria os conceitos humanos, desenvolvendo a moral. Sua obra não se limita na ciência, religião ou filosofia, transcende-as ao tornar-se uma obra educadora, busca convencer racionalmente, baseada em fatos vividos cientificamente, com linguagem simples para ser acessível a todos. Outros filósofos e cientistas espíritas não tiveram a envergadura educadora e o engajamento social de Kardec.



Pergunto-me se poderemos completar a utopia de Kardec e transformar o Espiritismo em uma eficiente ferramenta social de educação moral em nosso tempo. Parece-me que precisamos ser mais apaixonados pela educação, mais comprometidos em agir moralmente e em estimular a autonomia, a racionalidade e a atitude científica do Homem.




Bibliografia:
O Livro dos Espíritos (Allan Kardec), Pestalozzi: educação e ética (Dora Incontri), Textos Pedagógicos: Hippolyte Léon Denizard Rivail (Dora Incontri), Allan Kardec: o educador e o codificador (Zêus Wantuil e Francisco Thiesen).



leopoldodare@ig.com.br - http://www.userp.org.br/roteiros.asp

o     Gustavo Leopoldo Daré

sexta-feira, 27 de setembro de 2013


 
Experiências Difíceis

A beleza física pode provocar tragédias imprevisíveis para a alma, se esta não possui discernimento.

Excessivo dinheiro é porta para a indigência, se o detentor da fortuna não consolidou o próprio equilíbrio.

Demasiado conforto é desvantagem, se a criatura não aprendeu a arte de desprender-se.



Muito destaque é introdução a queda espetacular, se o homem não amadureceu o raciocínio.



Considerável autoridade estraga a alegria de viver, se a mente ainda não cultiva o senso das proporções.



Grande carga de responsabilidade extermina a existência daquele que ainda não ultrapassou a compreensão comum.



Enorme cabedal de conhecimento, em meio de inúmeras pessoas ignorantes, vulgares ou insensatas, é fruto venenoso e amargo, se o espírito ainda não se resignou à solidão.

André Luiz

Do Livro Agenda Cristã, psicografia de Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Eu, Melhor


 
Eu, Melhor

Qual foi a experiência de vida que transformou você em alguém melhor?


Esta foi a pergunta feita pela redação de uma revista de circulação nacional, aos seus leitores.


A questão gerou uma matéria muito inspirada, intitulada Eu, melhor, apresentando diversos relatos de pessoas e acontecimentos que as transformaram.


Encontros, desencontros, doenças, surpresas. Diversos tipos de experiências foram narradas e, ao final de cada relato havia uma pessoa agradecida e melhor.


Uma delas, ainda muito jovem, lembra o dia em que o pai recebeu o diagnóstico de câncer e veio contar à família.


Pediu que não ficassem tristes pois, caso não conseguisse a cura, aproveitaria mesmo assim a oportunidade para se transformar em alguém melhor.


O homem buscou perdão e reconciliação com familiares. Um dia, ao ouvir de alguém a expressão doença maldita, rebateu dizendo: Para mim, ela é bendita!


Dois meses depois ele morreu. A filha, emocionada, afirma que não só ele se transformou em alguém melhor, mas mudou para melhor a vida de todos ao seu redor.


Seu exemplo é lembrado até hoje e sua conduta sempre será referência para aquele núcleo familiar.


A vida tem costume de surpreender. De repente, aparece alguém que, com um gesto, abre nossos olhos. Ou um acidente no percurso, apontando para novas direções.


Às vezes, é uma viagem ou um encontro programado que segue rumos inesperados e nos transforma.


É a soma de eventos assim, belos e gratuitos, que nos faz melhores, mais fortes, mais maduros.


Pode ser uma soneca no ônibus, um encontro com um desconhecido, um raio que clareia tudo ou a proximidade da morte.

O que importa é olhar para essas experiências e reconhecer que elas nos ensinaram e, do seu jeito, nos fizeram mais felizes.

Sem pedir nada em troca, são pequenas graças plantadas no cotidiano. Como se fossem sinais, apontando para lugares onde podemos ser mais leves e alegres.


Então, quando olhamos para trás e enxergamos o caminho percorrido, só nos resta agradecer, do fundo do coração, à vida, que nos faz uma versão melhor de nós mesmos.


Todas as forças da natureza nos impulsionam para frente, rumo ao progresso inevitável. Progresso da alma, que vai se tornando mais sensível, mais amorosa, mais madura.


Progresso também da mente, mais esclarecida, com capacidade de tomar decisões com mais segurança.


Aproveite esses momentos de reflexão, onde você estiver, para lembrar que experiências fizeram de você alguém melhor, e se você soube ou está sabendo aprender com os acontecimentos da vida.


Todos eles, julgados como bons ou maus por nós, trazem dentro de si o objetivo de depurar o Espírito aprendiz.


Qual foi a experiência de vida que transformou você em alguém melhor?

Momento Espírita

Redação do Momento Espírita com base em matéria da revista Sorria nº 23, de dezembro/janeiro 2012, de autoria de Jaqueline Li, Jéssica Martineli, Karina Sérgio Gomes, Rafaela Dias, Rita Loiola, Tissiane Vicentin e Valéria Mendonça.

Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3480&stat=0

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Os Vivos do Além



 
Os Vivos do Além

"E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias." - (LUCAS, 9:30.)




Várias escolas religiosas, defendendo talvez determinados interesses do sacerdócio, asseguram que o Evangelho não apresenta bases ao movimento de intercâmbio entre os homens e os espíritos desencarnados que os procederam na jornada do Mais Além ...



Entretanto, nesta passagem de Lucas, vemos o Mestre dos Mestres confabulando com duas entidades egressas da esfera invisível de que o sepulcro é a porta de acesso.



Aliás, em diversas circunstâncias encontramos o Cristo em contato com almas perturbadas ou perversas, aliviando os padecimentos de infortunados perseguidos. Todavia, a mentalidade dogmática encontrou aí a manifestação de Satanás, inimigo eterno e insaciável.



Aqui, porém, trata-se de sublime acontecimento no Tabor. Não vemos qualquer demonstração diabólica e, sim, dois espíritos gloriosos em conversação íntima com o Salvador. E não podemos situar p fenômeno em associação de generalidades, porquanto os "amigos do outro mundo", que falaram com Jesus sobre o monte, foram devidamente identificados. Não se registrou o fato, declarando-se, por exemplo, que se tratava da visita de um anjo, mas de Moisés e do companheiro, dando-se a entender claramente que os "mortos" voltam de sua nova vida.

Emmanuel

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Uma simples palavra


 
Uma Simples Palavra

Uma simples palavra humilde e boa
Que esclareça e reanime
Traz consigo o milagre, amplo e sublime,
Do amor que regenera e aperfeiçoa.

Um “sim” ou um “não”, na graça de um sorriso,
Uma frase de estímulo e ternura,
Muitas vezes, restauram de improviso
O coração chagado de amargura.

Mas a palavra contundente e rude,
Que exprime acusação, miséria e ofensa,
Mata os gérmens da paz e da virtude
E traz consigo as trevas da descrença.

Frequentemente, o golpe inesperado
Do mal escuro que nos dilacera
Procede do veneno disfarçado
Na língua que vergasta ou desespera.

Bendita a frase calma e enobrecida!
Bendito o verbo doce, amigo e forte!...
Uma simples palavra traz a vida,
Uma simples palavra traz a morte.

Carmem Cinira

Do livro: Marcas do Caminho, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

domingo, 22 de setembro de 2013

Coisas Terríveis e Ingênuas Figuram nos Livros Bíblicos


 
Coisas Terríveis e Ingênuas Figuram nos Livros Bíblicos

A palavra de Deus não está na Bíblia, mas na natureza, traduzida em suas leis.


A Bíblia é simplesmente uma coletânea de livros hebraicos, que nos dão um panorama histórico do judaísmo primitivo.



Os cinco livros iniciais da Bíblia, que constituem o Pentateuco mosaico, referem-se à formação e organização do povo judeu, após a libertação do Egito e a conquista de Canaã.



Atribuídos a Moisés, esses livros não foram escritos por ele, pois relatam, inclusive, a sua própria morte.


As pesquisas históricas revelam que os livros da Bíblia têm origem na literatura oral do povo judeu.



Só depois do exílio na Babilônia foi que Esdras conseguiu reunir e compilar os livros orais (guardados na memória) e proclamá-los em praça pública como a lei do judaísmo, ditada por Deus.



Os relatos históricos da Bíblia são ao mesmo tempo ingênuos e terríveis.


Leia o estudante, por exemplo, o Deuteronômio, especialmente os capítulos 23 e 28 desse livro, e veja se Deus podia ditar aquelas regras de higiene simplória, aquelas impiedosas leis de guerra total, aquelas maldições horríveis contra os que não crêem na “sua palavra”.



Essas maldições, até hoje, apavoram as criaturas simples que têm medo de duvidar da Bíblia.

Muitos espertalhões se servem disso e do prestígio da Bíblia como “palavra de Deus”, para arregimentar e tosquiar gostosamente vastos rebanhos.



As leis morais da Bíblia podem ser resumidas nos Dez Mandamentos.

Mas esses mandamentos nada têm de transcendentes.


São regras normais de vida para um povo de pastores e agricultores, com pormenores que fazem rir o homem de hoje.

Por isso, os mandamentos são hoje apresentados em resumo.

O Espírito que ditou essas leis a Moisés, no Sinai, era o guia espiritual da família de Abrão, Isaac e Jacob, mais tarde transformado no Deus de Israel.



Desempenhando uma elevada missão, esse Espírito preparava o povo judeu para o monoteísmo, a crença num só Deus, pois os deuses da antiguidade eram muitos.


O Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não pode admiti-la como a “palavra de Deus”.


Na verdade, como ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos médiuns, então chamados profetas.



O próprio Moisés era um médium, em constante ligação com Iavé ou Jeová, o Deus bíblico, violento e irascível, tão diferente do Deus-pai do Evangelho.


Devemos respeitar a Bíblia no seu exato valor, mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro.


Deus não ditou nem dita livros aos homens.


 

Herculano Pires

sábado, 21 de setembro de 2013

Donde Vens


 
Donde Vens

Nos dias graves das perseguições aos cristãos, conta uma velha tradição que os discípulos e amigos de Pedro sugeriram-lhe que abandonasse Roma, a fim de ter a vida poupada e melhor continuar como testemunha do Evangelho, amigo pessoal que fora de Jesus.


A princípio, o velho pescador relutou contra a ideia. Todavia, acompanhando o recrudescimento da impiedade de Nero contra os seguidores do Cristo e a diminuição deles, achou que seria uma atitude de prudência a sua partida.


Despediu-se dos amigos e, na madrugada seguinte, procurou a estrada que o levaria para longe da cidade.


Não se afastara muito, quando o Sol começou a romper a bruma, colorindo e iluminando o dia.


Subitamente, caminhando em sentido contrário ao seu, o apóstolo divisou o Mestre que se aproximava.


Surpreso, parou, ansiando pelo afetuoso abraço do Amigo que, parecendo não o ver, seguiu adiante.


Não sopitando o desencanto, o companheiro angustiado voltou-se e
inquiriu:
- Para onde ides, Senhor?


A resposta foi imediata e significativa:


- Vou a Roma, Pedro, morrer com os meus discípulos.


Narra à bela tradição, que o apóstolo, comovido e consciente do sacrifício, retornou à cidade, prosseguindo no ministério com devotamento total até à imolação libertadora.


A fidelidade a um ideal exige o sacrifício do idealista.


Reconhece-se a excelência de um ideal pelas reações que provoca e pela firmeza tranquila de quem o apresenta.


A consciência da imortalidade arma o indivíduo com resistências para suportar e vencer as vicissitudes, reagindo através da integral vivência dos postulados que abraça.


Especificamente, o ideal cristão se expressa através dos valores nobres que exornam quem o vivencia.


Vive no mundo, mas não pertence ao mundo.


Usa os recursos do mundo, sem a eles escravizar-se.


Sofre os impositivos da evolução, não afligindo a ninguém.


Compreende os erros do próximo, no entanto, esmera-se para refletir a conduta mais correta.


Resgata débitos, evitando tombar em novas dívidas.
Quando insultado, desculpa; se agredido, perdoa; sob perseguição permanece com integridade.


Não se despersonaliza, identificando-se como alguém que teme e se submete a tudo.


Pelo contrário, é um homem definido, resistente, que sabe o que quer e como consegui-lo, programando-se para o tentame feliz.
Ante a incoerência de atitude e a debandada do dever a que se entregam muitos discípulos modernos do Evangelho, permanece tu, doando-te e confiando.


Fazendo-se necessários maiores sacrifícios, doa-te mais e mais confia, de modo que, num certo amanhecer da tua vida, possas encontrar o Mestre, que te indagará.


- Donde vens, meu filho?


E possas responder, em júbilo:


- Do mundo, Senhor, onde dei a vida com os Teus discípulos por amor de Ti.

Joanna de Ângelis

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Agressões




Agressões

Muitas vezes, na vida, sentes o coração visitado pela agressão gratuita e pelo desprezo de pessoas que julgavas amiga, e, nestes momentos, a mágoa te envolve o ser, ameaçando-te a tranquilidade e a paz.


Sentes, então, o desânimo e o desejo de te isolares de tudo e de todos, numa atitude de fuga.


Nestes momentos de tormento íntimo, recorre à prece antes de qualquer atitude menos feliz.


Recorda os ensinos de Jesus e, fortalecido pela humildade, arma-te da coragem de seguir adiante, sem deixar de servir e trabalhar.
Se a árvore deixasse de produzir frutos a cada agressão que sofresse dos homens, provavelmente a humanidade viesse a experimentar grande carência de alimentos.
Se o rio secasse a cada atitude de agressão dos homens, em lhe poluindo com dejetos de todo tipo, provavelmente já não mais haveria água potável na Terra.


Assim, também, se nos isolamos e deixamos de servir a cada agressão que sofremos, extinguiremos da Terra as possibilidades de progresso em direção ao Bem.


Diante disso, medita e segue adiante, na confiança de que Deus tem sido infinitamente misericordioso com a humanidade e em particular com cada um de nós, razão pela qual devemos lançar ao esquecimento as agressões e, numa atitude cristã, abençoarmos e servirmos, cumprindo a nossa parte no processo de evolução em favor da humanidade e em favor da nossa própria redenção.


·                   Autor: Um Amigo