segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Felicidade

Se Deus colocou nos corações esta necessidade tão grande de felicidade, é que esta deve existir em alguma parte. Sim, tende confiança nele, mas sabei que tudo o que Deus promete deve ser divino como ele, e que a felicidade que procurais não pode ser material.

Vinde a nós, vós todos que sofreis; vinde a nós, todos vós que tendes necessidade de esperança, porque quando tudo na Terra vos faltar, enfraquecer, nós aqui, teremos mais do que as vossas necessidades pedirem. Mães desesperadas, que vos lamentais sobre uma tumba, vinde aqui: O anjo que chorais vos falará, vos protegerá, vos inspirará a resignação para as penas que tendes sofrido na Terra. Todos vós que tendes a necessidade insaciável da ciência, dirigi-vos a nós, só nós podemos dar ao vosso Espírito o alimento de que ele necessita. Vinde, saberemos encontrar para cada ferida uma doçura, e por desamparados que vos pareçam, há Espíritos que vos amam e que estão prontos para vo-lo provar. Eu falo em nome de todos. Desejo ver virem nos pedir conselhos, porque estou segura que vós, com isto, tereis a esperança no coração. STAEL.

Nota. - Um instante depois, o Espírito escreveu de novo, espontaneamente:

O sorriso vem mais de uma vez aos lábios de certos ouvintes, e se escapa ao médium, não escapa aos Espíritos; mas não tendes medo; são aqueles que mais riem que crêem mais depois, e nós vos perdoamos, porque um dia podereis vos arrepender de vossa ironia. Estou segura que se, junto de cada um de vós, senhoras, viesse um ser perdido e que amastes vos lembrar uma recordação, mudaríeis o vosso sorriso de uma incredulidade em um suspiro, e serieis ou felizes ou ansiosas. Sede tranqüilas, vosso dia virá, e sereis tocadas pelo coração, porque é a vossa corda mais sensível: eu a conheço.
STAEL.

Foto - Cátia Moreira(24) e Vovö Casimiro(95).

sábado, 28 de novembro de 2009

“Não obstante, o Espiritismo não é uma descoberta moderna. Os fatos e os princípios, sob os quais ele repousa, se perdem na noite dos tempos, pois seus traços se acham nas crenças dos povos, em todas as religiões, na maior parte dos escritores sacros e profanos. Apenas que, incompletamente observados, os fatos foram freqüentemente interpretados conforme as idéias supersticiosas da ignorância e sem que dos mesmos tivessem sido deduzidas todas as conseqüências.

O que há de moderno é a explicação lógica dos fatos, o conhecimento mais completo da natureza dos Espíritos, de sua missão e de seu modo de agir; a revelação do nosso estado futuro e, enfim, a constituição dele num corpo científico e doutrinário e suas múltiplas aplicações. Os antigos conheciam o princípio; os modernos conhecem as minúcias.
Na Antigüidade o estudo desses fenômenos era privilégio de certas classes, que só o revelavam aos iniciados nesses mistérios; na Idade Média os que com ele se ocupavam ostensivamente eram tidos como feiticeiros e queimados vivos; hoje, porém, já não há mais mistérios para ninguém, ninguém é queimado, tudo se faz à luz meridiana e todo o mundo está disposto a instruir-se e praticar. Porque em toda parte se encontram médiuns e cada um pode sê-lo mais ou menos.
A doutrina hoje ensinada pelos Espíritos nada tem de novo; seus fragmentos são encontrados na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e se completam nos ensinos de Jesus Cristo. A que vem, pois, o Espiritismo? Vem confirmar com novos testemunhos e demonstrar com os fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas e restabelecer em seu verdadeiro sentido aquelas que foram mal interpretadas ou deliberadamente alteradas.
O que é certo é que nada de novo ensina o Espiritismo. Mas será pouco provar de modo patente e irrecusável a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade após a morte, sua imortalidade, e as penas e recompensas futuras?”
Allan Kardec
– O que é o Espiritismo – Introdução
Foto (Wilton e Wellington, dois estudiosos e divulgadores da Doutrina Espírita)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO I
NÃO VIM DESTRUIR A LEI

O Espiritismo

5. O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domino do fantástico e do maravilhoso. E a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e dai vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil.



6. A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.


7. Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

ALLAN KARDEC
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
DEPARTAMENTO EDITORIAL


Foto: Chico Xavier de mãos dadas com crianças.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CONSELHOS

Há um dito popular que afirma que: "se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia..."

A assertiva parece um pouco exagerada, pois deixa transparecer a ineficácia ou a inutilidade de um conselho. Cremos que não se deva tomar a questão com tal extremismo.


Há conselhos que, realmente, são nefastos, principalmente quando as suas recomendações são de má índole: quando se aconselha a fazer o mal a alguém, a matar, a mentir, a abandonar compromissos assumidos, a usar determinados vícios, etc. São maus conselhos e merecem reprovação.


Porém, temos visto conselhos que refletem o pensamento de Deus na boca de Seus filhos, orientando para a Luz e para a ventura: os conselhos para que alguém estude, trabalhe, faça as pazes, retorne ao seio da família, para que perdoe alguma ofensa, dentre outros.


Cada vez que você seja chamada a aconselhar, medite na responsabilidade de que se revistirá a sua sugestão, e recomende para o bem e para o progresso. Jamais dê conselhos que degenerem, que infelicitem, que perturbem, que desconsiderem a ética ou o respeito à vida.


Os seus conselhos serão sempre, uma vez seguidos, a sua presença junto ao aconselhado. Pense no que Jesus seria capaz de aconselhar perante o problema em questão, e não trepide em aconselhar como Ele. Mesmo estando consciente de que nem sempre as suas sugestões serão seguidas, ofereça sempre o melhor em forma de idéias e de comportamentos, uma vez que aquele que aconselhar se converte em "autor intelectual" para aquele que obedece, e o "autor intelectual" costuma ser o mais responsabilizado em circunstâncias nefastas, mas o mais homenageado pela sociedade e pela consciência quando de sua autoria surge o bem e o belo.


Dê bons conselhos sempre, e não se agaste nem se pertube com o dito popular. Aliás, nem sempre "a voz do povo é a voz de Deus."


Do livro "Ações corajosas para viver em Paz", pelo Espírito de Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira.


“Fale pouco e faça muito.”
Pirkê Avot (Ética dos Pais) 1:15


“Um tolo diz aquilo que sabe; um sábio sabe aquilo que diz.” Rabi Simcha Bunim.


"Na profusão de palavras o pecado não falta; mas aquele que fecha seus lábios é um sábio.”
Mishlê (Provérbios) 10:19.


"Devemos orar pelos políticos, pelos administradores da vida pública. A tentação do poder é muito grande. Eu não gostaria de estar no lugar de nenhum deles. A omissão de quem pode e não auxilia o povo, é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira. Tenho visto muitos espíritos dos que foram homens públicos na Terra em lastimável situação na Vida Espiritual...".


Do livro Diretrizes de Segurança - Palavras de Chico Xavier

TRABALHO - UNIÃO DE FORÇAS - Agende-se

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

Temos o prazer e a honra de convidar todos os Associados da COMUNHÃO ESPÍRITA CRISTÃ A CASA DO CAMINHO, a participarem de uma Assembléia Geral EXTRAÓRDINARIA, no dia 26.11.2009, às 15:00h, na CASA DA PRECE, localizado na BR 230 - KM 470, sede da “Comunhão Espírita Cristã A Casa do Caminho”, Sousa (PB), com a seguinte Ordem do Dia:

1 – Prestação de contas da atual Diretoria Executiva do período da última Assembléia até o mês de outubro de 2009;

2 – Eleição de nova Diretoria e

3 - Outros assuntos de interesse da ASSOCIAÇÃO.


Sem mais, rogamos a Deus que a todos ilumine e guarde.
Saúdamo-vos fraternalmente,

Sousa (PB), 26 de outubro de 2009.


----------------------
A DIRETORIA


Ciente:

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Oh morte, não te orgulhes

Velhas Árvores

Olavo Bilac

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores mais novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fome e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores da aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem;

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!



Oh morte, não te orgulhes
John Donne

Oh Morte, não te orgulhes, pois ruim
Como dizem não és, medonha e forte;
Quem pensa que abateste, pobre Morte.
Não morre; nem matar podes a mim.
Se o sono, o teu retrato, agrada assim,
Contigo fluirá melhor a sorte;
E o bom, ao conhecer o teu transporte,
Descansa o corpo e se liberta enfim.

Serva de reis, destino, acasos e ânsia,
À droga, à peste e à guerra te associas;
E adormecem-nos ópios e magias
Mas que teu golpe. Então, por que a jactânia?
Um breve sono a vida eterna traz,
E vai-se a morte. Morte, morrerás.


Foto (Casimiro(94) e José Rodrigues(96), residentes na Casa Transitória, em momentos de terapêutica ocupacional, observada pela competente, atenciosa e paciente psicóloga Rita).

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Doutrina Espírita Vencerá?

Embora esteja há mais de 2000 anos sob a inspiração do Senhor, o mundo não se reformou moralmente. O Bem ainda é uma opção rejeitada pela quase totalidade da família humana.

A Doutrina Espírita, como apelo final ao coração amargurado da criatura, precisa vencer.

Vencerá, se os espíritas meditarem mais em suas graves responsabilidades;

Vencerá, se os espíritas colocarem os interesses do Cristo acima dos seus;

Vencerá, se os espíritas forem leais aos programas de serviço que abraçaram;

Vencerá, se os espíritas se amarem e se instruírem tanto quanto recomendado pelo Espírito de Verdade;

Vencerá, se os espíritas derem mais importância ao trabalho do que aos cargos;

Vencerá, se os espíritas souberem sacrificar parte de seus interesses materiais na redução do pranto dos que estão à margem do caminho.

Em suma, vencerá, se os espíritas entenderem que o título de ESPÍRITA não representa um passaporte para a vida comum, mas a credencial do Céu para os que buscam construir uma nova humanidade sob a égide de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Humberto de Campos, sob o pseudônimo de irmão X, pelas mãos confiáveis de Chico Xavier, trouxe-nos impressionante página, sob o título “Consciência Espírita”, constante do livro “Cartas e Crônicas”, editado pela FEB. A página destaca a dor de Allan Kardec, que, quando desdobrado, foi levado às regiões inferiores e contemplou o sofrimento de espíritos ali estacionados. Comovido, indagou à entidade iluminada que o conduzia: quem seriam aqueles que ali estavam em situação tão aflitiva? A resposta foi:

- Temos junto de nós os que estavam no mundo plenamente educados quanto aos imperativos do Bem e da Verdade, e que fugiram deliberadamente da Verdade e do Bem, especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas, perfeitos conhecedores da lição e do exemplo do Cristo e que se entregaram ao mal, por livre vontade...

Para eles, um novo berço na Terra é sempre mais difícil...


(Foto de Wilton Ferreira, Orador Espírita, cujo sorriso não demonstra dúvidas de que o Amor vencerá.)

domingo, 15 de novembro de 2009

O Espiritismo em sua Expressão mais Simples

MÁXIMAS EXTRAÍDAS DO ENSINAMENTO DOS ESPÍRITOS

35. - O objetivo essencial do Espiritismo é o melhoramento dos homens. Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudá-lo para o progresso moral e intelectual.

36. - O verdadeiro Espírita não é o que crê nas manifestações, mas aquele que faz bom proveito do ensinamento dado pelos Espíritos. Nada adianta acreditar se a crença não faz com que se dê um passo adiante no caminho do progresso e que não o faça melhor para com o próximo.

37. - O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como contraveneno: a caridade e a humildade.

38. - A crença no Espiritismo só é proveitosa para aquele de quem se pode dizer: hoje está melhor do que ontem.

39. - A importância que o homem atribui aos bens temporais está na razão inversa de sua fé na vida espiritual; é a dúvida sobre o futuro que o leva a procurar suas alegrias neste mundo, satisfazendo suas paixões, ainda que às custas do próximo.

40. - As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, pois eles serão consolados.”

41. - Nas suas aflições, olhe abaixo de você e não acima; pense naqueles que sofrem ainda mais que você.

42. - O desespero é natural para aquele que crê que tudo acaba com a vida do corpo; é um contra-senso para aquele que tem fé no futuro.

43. - O homem é muitas vezes o artesão de sua própria infelicidade neste mundo; se ele voltar à fonte de seus infortúnios, verá que a maior parte deles são o resultado de sua imprevidência, de seu orgulho e avidez, conseqüentemente, de sua infração às leis de Deus.

44. - A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se Dele; é pôr-se em comunicação com Ele.

45. - Aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal, e Deus envia-lhe bons Espíritos para assisti-lo. É um auxílio que nunca é recusado, quando é pedido com sinceridade.

46. - O essencial não é orar muito, mas orar bem. Certas pessoas crêem que todo o mérito está na extensão da prece, enquanto fecham os olhos para seus próprios defeitos. A prece é para eles uma ocupação, um emprego do tempo, mas não uma análise de si mesmos.

47. - Aquele que pede a Deus o perdão de seus erros não o obtém senão mudando de conduta. As boas ações são a melhor das preces, pois os atos valem mais que as palavras.

48. - A prece é recomendada por todos os bons Espíritos; é, além disso, pedida por todos os Espíritas imperfeitos como um meio de tornar mais leves seus sofrimentos.

49. - A prece não pode mudar os desígnios da Providência; mas, vendo que há interesse por eles, os Espíritos sofredores se sentem menos desamparados; tornam-se menos infelizes; ela exalta sua coragem, estimula neles o desejo de elevar-se pelo arrependimento e reparação, e pode desvia-los do pensamento do mal. É nesse sentido que ela pode não só aliviar, mas abreviar seus sofrimentos.

50. - Cada um ore segundo suas convicções e o modo que acredita mais conveniente, pois a forma não é nada, o pensamento é tudo; a sinceridade e a pureza de intenção é o essencial; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras, que se assemelham ao barulho de um moinho e onde o coração não está.

51. - Deus fez homens fortes e poderosos para que fossem sustentáculos dos fracos; o forte que oprime o fraco é advertido por Deus; em geral ele recebe o castigo nesta vida, sem prejuízo do futuro.

52. - A fortuna é um depósito cujo possuidor é tão-somente o usufrutuário, já que não a leva com ele para o túmulo; ele prestará rigorosas contas do emprego que fez dela.

53. - A fortuna é uma prova mais arriscada que a miséria, porque é uma tentação para o abuso e os excessos, e porque é mais difícil ser moderado que ser resignado.

54. - O ambicioso que triunfa e o rico que se sustenta de prazeres materiais são mais de se lamentar que de se invejar, pois é preciso ter em conta o retorno. O Espiritismo, pelos terríveis exemplos dos que viveram e que vêm revelar sua sorte, mostra a verdade desta afirmação do Cristo: “Aquele que se orgulha será humilhado e aquele que se humilha será elevado.”

55. - A caridade é a lei suprema do Cristo: “Amem-se uns aos outros como irmãos; — ame seu próximo como a si mesmo; perdoe seus inimigos; — não faça a outrem o que não gostaria que lhe fizessem”; tudo isso se resume na palavra caridade.

56. - A caridade não está só na esmola pois há a caridade em pensamentos, em palavras e em ações. Aquele caridoso em pensamentos, é indulgente para com as faltas do próximo; caridoso em palavras, não diz nada que possa prejudicar seu próximo; caridoso em ações, assiste seu próximo na medida de suas forças.

57. - O pobre que divide seu pedaço de pão com um mais pobre que ele é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus que o que dá o que lhe é supérfluo, sem se privar de nada.

58. - Aquele que nutre contra seu próximo sentimentos de animosidade, ódio, ciúme e rancor, falta à caridade; ele mente, se se diz cristão, e ofende a Deus.

59. - Homens de todas as castas, de todas as seitas e de todas as cores, vocês são todos irmãos, pois Deus os chama a todos para ele; estendam-se pois as mãos, qualquer que seja sua maneira de adorá-lo, e não atirem o anátema, pois o anátema é a violação da lei de caridade proclamada pelo Cristo.

60. - Com o egoísmo, os homens estão em luta perpétua; com a caridade, estarão em paz. A caridade, constituindo a base de suas instituições, pode assim, por si só, garantir a felicidade deles neste mundo; segundo as palavras do Cristo, só ela pode também garantir sua felicidade futura, pois encerra implicitamente todas as virtudes que podem levá-los à perfeição. Com a verdadeira caridade, tal como a ensinou e praticou o Cristo, não mais o egoísmo, o orgulho, o ódio, a inveja, a maledicência; não mais o apego desordenado aos bens deste mundo. É por isso que o Espiritismo cristão tem como máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

Incrédulos! Podeis rir dos Espíritos, zombar daqueles que crêem em suas manifestações; ride, pois, se ousardes, desta máxima que eles acabaram de professar e que é sua própria salvaguarda, pois se a caridade desaparecesse da terra, os homens se entredilacerariam, e talvez vocês fossem as primeiras vítimas. Não está longe o tempo em que esta máxima, proclamada abertamente em nome dos Espíritos, será uma garantia de segurança e um título à confiança, naqueles que a trouxerem gravada no coração.

Um Espírito disse: “Zombaram das mesas girantes; não zombarão nunca da filosofia e da moral que daí decorreram”. É que, com efeito, hoje estamos longe, depois de alguns anos apenas, desses primeiros fenômenos que serviram, por um instante, de distração para os ociosos e os curiosos. Esta moral, vocês dizem; está caduca: “Os Espíritos deviam ter espírito bastante para nos dar algo de novo.” (Frase espirituosa de mais de um crítico). Tanto melhor! se ela está caduca; isso prova que ela é de todos os tempos, e os homens são apenas mais culpados por não tê-la praticado, pois não há verdadeiras verdades senão as que são eternas. O Espiritismo vem lembrá-la, não por uma revelação isolada feita a um único homem, mas pela voz dos próprios Espíritos que, como uma trombeta final, vêm proclamar: “Creiam que aqueles que vocês chamam de mortos estão mais vivos que vocês, pois eles vêem o que vocês não vêem, e ouvem o que vocês não ouvem; reconhecei, naqueles que lhes vêm falar, seus parentes, seus amigos, e todos aqueles que vocês amaram na terra e que acreditavam perdidos irremediavelmente; infelizes aqueles que crêem que tudo acaba com o corpo, pois serão cruelmente desenganados, infelizes daqueles a que terá faltado caridade, pois sofrerão o que tiverem feito os outros sofrer! Escutai a voz daqueles que sofrem e que lhes vêm dizer: “Nós sofremos por não ter reconhecido o poder de Deus e duvidado de sua misericórdia infinita; sofremos por nosso orgulho, nosso egoísmo, nossa avareza e por todas as más paixões que não soubemos reprimir; sofremos por todo o mal que fizemos ao nosso semelhante, pelo esquecimento da caridade”.

Incrédulos! Dizei se uma doutrina que ensina tais coisas é digna de risos, se ela é boa ou má! Vendo-a tão somente do ponto de vista da ordem social, dizei se os homens que a praticam seriam felizes ou infelizes; melhores ou piores!


O Espiritismo em sua Expressão mais Simples

Allan Kardec

Humanidade, Transição e Recomeço

O PUBLICITÁRIO, ESCRITOR E MÉDIUM PERNAMBUCANO FREDERICO MENEZES FARÁ PALESTRA E LANÇARÁ LIVRO NO AUDITÓRIO DO TRIBUNAL DO JÚRI, EM CAMPINA GRANDE


KIKO MUNIZ - PB


A palestra e o lançamento do livro "Humanidade, Transição e Recomeço" estão agendados para o dia 17 de novembro, as 17 horas.


O livro psicografado por Menezes é de autoria espiritual de Djalma Farias, saudoso dirigente espírita pernambucano.


A apresentação de Frederico Menezes (foto) no Tribunal do Júri campinense tem o apoio cultural e doutrinário da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (ABRAME).


A entrada é gratuita.
Transcrito do site www.anespb.net

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Cristo é a personificação suprema do curador.

Espanta-se algumas vezes, com uma aparência de razão, de encontramos indivíduos indignos faculdades notáveis desenvolvidas, e que pareceriam dever ser, de preferência, o quinhão dos homens virtuosos e desprovidos de preconceitos; e, no entanto, a história dos séculos passados apresenta, quase em cada página, exemplos de mediunidades notáveis possuídas por Espíritos inferiores e impuros, por fanáticos sem razão! Qual pode ser o motivo de uma tal anomalia? No entanto, não há nada lá que possa espantar, e um estudo um pouco sério e refletido do problema dele dará a chave.Quando fenômenos salientes, pertencentes à ordem extra corpórea, são produzidos, o que acontece com efeito? - É que individualidades encarnadas servem de órgãos de transmissão à manifestação. Elas são os instrumentos movidos por uma vontade exterior. Ora, perguntar-se-ia a um simples instrumento o que lhe exigiria o artista que o põe em vibração?.... Se é evidente que um bom piano é preferível àquele que estivesse defeituoso, não o é menos que se o distinguira, no outro, o toque do artista daquele do escolar.
- Se, pois, o Espírito que intervém na cura encontram um bom instrumento, dele se servirá de boa vontade; senão, empregará aquele que se lhe oferecer, por defeituoso que seja. É preciso também considerar que, no exercício da faculdade medianímica, e em particular no exercício da mediunidade curadora, podem se apresentar dois casos muito distintos: ou o médium pode ser curador por sua própria autoridade, ou pode não ser senão o agente mais ou menos passivo de um motor extra corpóreo. No primeiro caso, ele não poderá agir senão se suas virtudes e sua força moral lhe permitirem. Ele será um exemplo em sua conduta privada ou pública, um modelo, um missionário vindo para servir de guia ou de sinal de união aos homens de boa vontade. O Cristo é a personificação suprema do curador. Quanto àquele que não é senão médium, sendo instrumento, ele pode ser mais ou menos defeituoso, e os atos que se operam por seu intermédio não o impedem, de nenhum modo, de ser imperfeito, egoísta, orgulhoso ou fanático. Membro da grande família humana, ao mesmo título que a generalidade, ele participa em todas as suas fraquezas. Lembrai-vos destas palavras de Jesus: "Não são aqueles que passam bem que têm necessidade de médico."
É preciso, pois, ver uma marca de bondade da Providência nessas faculdades que se desenvolvem nos meios e nas pessoas imperfeitas; é um meio de lhes dar a fé que os conduzirá, cedo ou tarde, ao bem; se não for hoje, isso será amanhã; são sementes que não estão perdidas, porque, vós, Espíritas, sabeis que nada se perde para o Espírito. Se não é raro encontrar, nas naturezas mais rudes, moral e fisicamente, faculdades transcendentais, isto prendes-se igualmente a que essas individualidades, não tendo senão pouco ou nada de vontade pessoal, se limitam a deixar agir a influência que os dirige. Poder-se-ia dizer que operam de instinto, ao passo que uma inteligência mais desenvolvida, querendo se dar conta da causa que a põe em movimento, às vezes, coloca-se em condições que não permitiriam um cumprimento tão fácil dos desígnios providenciais.
Por estranhos e inexplicáveis que sejam os efeitos que se produzem sob vossos olhos, estudai-os atentamente antes de considerá-los um só como uma infração às leis eternas do Senhor supremo! Não há um deles que não afirme sua existência, sua justiça e sua sabedoria eternas, e, se a aparência diz o contrário, crede que não é senão uma aparência que desaparecerá para dar lugar à realidade, com estudo mais aprofundado das leis conhecidas e o conhecimento daquelas cuja descoberta está reservada ao futuro.



CLÉLIE DUPLANTIER.
(Sociedade de Paris, 23 de fevereiro de 1867, méd. Sr. Desliens.)
Frederico Menezes (foto), incansável Obreiro do Senhor, palestrante, médium e expositor espírita, quando abordava tema espírita na cidade de Sousa - PB.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

COMUNICAÇÃO PROVIDENCIAL DOS ESPÍRITOS.

Os tempos são chegados em que a palavra do profeta deverá ser cumprida:
"Derramarei, disse o Senhor, de meu Espírito, sobre toda a carne, e vossos filhosprofetizarão, vossos velhos terão sonhos."

O Espiritismo é esta difusão do Espírito Divino vindo instruir e moralizar todos esses pobres deserdados da vida espiritual que, nãovendo senão a matéria, esquecem que o homem não vive só de pão.


É preciso ao corpo um organismo material a serviço da alma, uma alimentação apropriada à sua natureza; mas à alma, emanação do Espírito Criador, é preciso um alimento espiritual que ela não encontra senão na contemplação das belezas celestes, resultante da harmonia das faculdades inteligentes em seu completo desabrochar.


Enquanto o homem negligencia em cultivar o seu espírito e permanece absolvido pela procura ou a posse dos bens materiais, sua alma está de alguma sorte estacionaria, e lhe é preciso um grande número de encarnações antes que ela possa, obedecendo insensivelmente e como pela força à lei inevitável do progresso, chegar a esse começo de vitalidade intelectual que a torna a diretriz do ser material ao qual está unida.


É por isto que, apesar dos ensinos dados pelo Cristo para fazer a Humanidade avançar, ela está ainda tão atrasada, não tendo querido o egoísmo apagar diante dessa lei de caridade que deve mudar a face do mundo, e dele fazer uma morada de paz, e de felicidade.


Mas a bondade de Deus é infinita, ela ultrapassa a indiferença e a ingratidão de seus filhos; é porque lhes envia esses mensageiros divinos que vêm lhes lembrar que Deus não oscriou para a Terra, que nela não estão senão por um tempo, a fim de que, pelo trabalho, desenvolvam as qualidades depositadas em germe em sua alma, e que, cidadãos dos céus, não devem se comprazer num estágio inferior à sua ignorância, onde somente suas faltas os retêm.


Agradecei, pois, ao Senhor, e saudai com alegria o advento do Espiritismo, uma vez que é o cumprimento das profecias, o sinal brilhante da bondade do Pai de misericórdia, e para vós uma nova chamada a esse desligamento da matéria, tão desejado, uma vez que só ele pode vos proporcionar uma verdadeira felicidade.


LOUIS DE FRANCE
(Grupo Delanne. - Paris, 8 de janeiro de 1865. - Médium, senhora Br. .)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Pedi a Deus

Pedi a Deus.

Pedi força e vigor Deus me mandou dificuldades para me fazer forte.
Pedi sabedoria Deus me mandou problemas para resolver.

Pedi prosperidade Deus me deu energia e cérebro para trabalhar.

Pedi coragem Deus me mandou situações para superar.


Pedi amor, Deus me mandou pessoas com problemas para eu ajudar.

Pedi favores, Deus me deu oportunidades.

Não recebi nada do que queria,

Mas, recebi tudo o que precisava!

Extraído do site Gotas de Paz.(Deusaires em prece .- foto)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

AS TRÊS CAUSAS PRINCIPAIS DAS DOENÇAS.

DISSERTAÇÕES ESPIRITAS

(Paris, 25 de outubro de 1866. - Médium, Sr. Desliens).


O que é o homem?... Um composto de três princípios essenciais: o Espírito, o perispírito e o corpo.


A ausência de um qualquer destes três princípios, necessariamente, levaria ao aniquilamento do ser no estado humano. Se o corpo não existe mais, há o Espírito e não mais o homem; se o perispírito falta ou não pode funcionar, o imaterial não podendo agir diretamente sobre a matéria e se encontrando assim na impossibilidade de se manifestar, poderá aí ter alguma coisa no gênero do cretino ou do idiota, mas não haverá jamais um ser inteligente.


Enfim, se falta o Espírito, ter-se-á um feto vivendo da vida animal e não um Espírito encarnado. Se, pois, temos três princípios presentes, estes três princípios devem reagir um sobre o outro, e se seguirá a saúde ou a doença, segundo houver entre eles harmonia perfeita ou desacordo parcial. Se a doença ou a desordem orgânica, como se queira chamá-la, procede do corpo, os medicamentos materiais, sabiamente empregados bastarão para restabelecer a harmonia geral.


Se a perturbação vem do perispírito, se é uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se acha alterado, será preciso uma medicação em relação com a natureza do órgão para que as funções possam retomar seu estado normal. Se a doença procede do Espírito, não se poderia empregar, para combatê-la, outra coisa do que uma medicação espiritual. Se, enfim, como é o caso mais geral, e se pode dizer mesmo aquele que se apresenta exclusivamente, se a doença procede do corpo, do perispírito e do Espírito, será preciso que a medicação combata, ao mesmo tempo, todas as causas da desordem, por meios diversos, para obter a cura.


Ora, que fazem geralmente os médicos? Eles cuidam do corpo, curam-no; mas curam a doença? Não. Por quê? Porque o perispírito, sendo um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá se tornar causa com relação a este; e se está entravado, os órgãos materiais que se encontram em relação com ele estarão igualmente atingidos em sua vitalidade. Cuidando do corpo, destruís o efeito; mas a causa residindo no perispírito, a doença virá de novo quando os cuidados cessarem, até que se tenha percebido que é preciso levar em outra parte a sua atenção, cuidando fluidicamente o princípio fluídico mórbido. Se, enfim, a doença procede da mens, o Espírito, o perispírito e o corpo, colocados sob sua dependência, serão entravados em suas funções, e não é nem cuidando de um, nem cuidando do outro que se fará desaparecer a causa.


Não é, pois, colocando a camisa de força num louco, ou em lhe dando pílulas ou duchas, que se chegará a levá-lo ao seu estado normal; somente se acalmarão seus sentidos revoltados; acalmarão seus acessos, mas não se destruirá o germe senão em combatendo-o por seus semelhantes, fazendo da homeopatia espiritual e fluidicamente, como se o faz materialmente, dando ao doente, pela prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, segundo os casos, como se lhe dá uma dose infinitesimal de brucina, de digitalina ou de acônito.


Para destruir uma causa mórbida, é preciso combatê-la em seu terreno.


Doutor MOREL LAVALLÉE.


Extraido da REVISTA ESPIRITA

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

"O progresso é invencível; ele se serve mesmo daqueles que lhe resistem para avançar."

Um pobre tecelão, de nome Butler, é acusado do assassínio de um gentil homem, e todas as aparências são de tal modo contra ele que é condenado pelo juiz Maxwel a ser enforcado. Só um homem poderia justificá-lo, mas não se sabe o que lhe aconteceu. No entanto, a mulher do tecelão, num acesso de sono sonambúlico, viu esse homem e o descreveu; poder-se-ia, pois, reencontrá-lo.


Um bom e sábio doutor que crê no sonambulismo, amigo do juiz Maxwel, veio informá-lo desse incidente, a fim de obter um adiamento da execução; mas Maxwel, cético com relação às faculdades que considera sobrenaturais, mantém a sua sentença, e a execução tem lugar.


Há algumas semanas daí, esse homem reaparece e conta o que se passou. A inocência do condenado é demonstrada, e a visão da sonâmbula justificada. No entanto, o verdadeiro assassino permaneceu desconhecido.


Quinze anos se passam, durante os quais se verifica uma multidão de incidentes. O juiz, acabrunhado de remorso, devota sua vida à procura do culpado. A viúva de Butler, que é expatriada levando sua filha, morre na miséria. Mais tarde essa filha se torna cortesã na moda, sob um outro nome. Uma circunstância fortuita coloca-lhe nas mãos a faca que tinha servido ao assassino; como sua mãe, ela entra em sonambulismo, e este objeto, como um fio condutor, retornando-a ao passado, ela conta todas as peripécias do crime e revela o verdadeiro culpado que não é outro senão o próprio irmão do juiz Maxwel.


Não é a primeira vez que o sonambulismo é posto em cena; mas o que distingue o drama novo é que ali é representado sob uma luz eminentemente séria e prática, sem nenhuma mistura de maravilhoso, e em suas conseqüências mais graves, uma vez que ele serve de meio de protesto contra a pena de morte. Em provando que o que os homens não podem ver pelos olhos do corpo, não está escondido aos da alma, é demonstrar a existência da alma, e a sua ação independente da matéria.


Do sonambulismo ao Espiritismo a distância não é grande, uma vez que se explicam um pelo outro; tudo o que tende a propagar um, tende igualmente a propagar o outro. Os Espíritos não se enganaram quando anunciaram que a idéia espírita brilharia por todas as espécies de caminhos.


A dupla vista e a pluralidade das existências, confirmadas pelos fatos, e acreditadas por uma multidão de publicações, entram cada dia mais diante das crenças, e não se admira mais; são duas portas completamente abertas ao Espiritismo.


REVISTA ESPIRITA 10 ANO No. 3 MARÇO 1867

Kardec e a Evolução do Espiritismo

As declarações de Kardec, quanto à natureza evolutiva do Espiritismo, têm servido de justificação para muitas confusões doutrinárias. Renovadores encarnados e reveladores desencarnados apóiam-se nas próprias palavras do codificador, para desfigurarem a codificação. E quando alguém se levanta em defesa da pureza da doutrina, é logo acusado de retrógrado. Entretanto, a verdade é que Kardec só admitia a evolução mediante rigoroso controle dos fatos e das comunicações mediúnicas, estas sempre sujeitas ao exame do bom-senso e ao critério da universidade.

A facilidade com que hoje se aceitam inovações doutrinárias é simplesmente espantosa. Há uma sede tremenda de “novidades”, alimentada na fogueira da curiosidade malsã e da vaidade pessoal sem limites. Pessoas que não chegaram a ler. “O Livro dos Espíritos”, que não conhecem a doutrina, apegam-se a mensagens pretensamente reveladoras e sustentam que Kardec está superado. Por outro lado, divulgadores mais informados fazem palestras, escrevem artigos e livros em que os princípios basilares da doutrina são esquecidos, em favor de teorias novas e sem base. Tudo por que? Porque o Espiritismo tem de evoluir, segundo afirmam, e não podemos “estacionar em Kardec”.

No capítulo primeiro de “A Gênese” item 55, o codificador afirma que a natureza evolutiva da revelação espírita, declarando que está “apoiada em fatos, tem de ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação”. Mas os que citam as palavras de Kardec nesse sentido nem sequer atentam para a significação desse trecho, em que o codificador se refere ao progresso geral das ciências e particularmente às relações do Espiritismo com as ciências. É claro que o Espiritismo não poderia estacionar, num mundo em que tudo evolui, tudo se transforma.

Negar a evolução do Espiritismo seria negar a sua lei fundamental, que é exatamente a lei da evolução.Mas aceitar para a doutrina uma evolução anárquica, sem controle, sem leis, feita ao sabor da novidadeirice, e das vaidades pessoais é atentar contra o patrimônio doutrinário que recebemos, e pelo qual devemos zelar.

O progresso do Espiritismo não se faz através de “revelações mirabolantes”, dadas em tom profético, derramadas em palavreado pomposo, nem através de teorias pessoais, sutilmente elaboradas no recesso dos gabinetes, e menos ainda com a adoção de processos mágicos e rituais religiosos. Todas essas formas pertencem exatamente ao antiespiritismo, a um passado em que as idéias espíritas estavam sufocadas sob as falsas interpretações dos fatos. Depois do aparecimento do “Livro dos Espíritos” que deu cumprimento à promessa do Consolador, os problemas espirituais saíram da nebulosa das suposições absurdas, das afirmações dogmáticas e das interpretações pessoais, passando ao terreno positivo da observação e da experiência. O Espiritismo tirou fatos chamados supranormais do plano da charlatanice, para torná-los objeto de pesquisa científica e reflexão filosófica.

Vejamos para comprovar isso, o que diz Kardec em “A Gênese”, item 55 do primeiro capítulo: “O Espiritismo não estabelece, como princípio absoluto, senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou que ressalta logicamente da observação. Esta característica fundamental do Espiritismo não pode ser esquecida, quando falamos em evolução da doutrina. Os princípios doutrinários, firmados cientificamente, através da experiência e da observação, só podem ser alterados ou acrescentados por meio de novas conquistas positivas, de evidência universal. Fora disso, não temos evolução, mas retrocesso. Já no tempo de Kardec havia muitas “revelações” imaginosas, que o codificador não levou em consideração, por não conterem nenhum elemento de segurança. Muitas “mensagens mirabolantes” lhe foram enviadas e Kardec as deixou prudentemente de lado.Grande parte das “novidades” mediúnicas de hoje são infinitamente inferiores àquelas comunicações.

Outra tendência bastante acentuada entre nós é a do desprezo pelas ciências positivas. O amor do maravilhoso provoca vertigens no meio espírita, quando Kardec advertiu que o Espiritismo é a própria negação do maravilhoso. Explicando os fatos supranormais pela descoberta das leis naturais do espírito, a doutrina afasta a possibilidade do milagre e conduz os homens à compreensão dos processos dinâmicos da natureza. Não existe o sobrenatural, porque este só podia existir diante da ignorância da extensão das leis naturais, que não se limitam ao plano da matéria. Por isso mesmo, Kardec acentuou que o Espiritismo e as ciências se completam e devem avançar de mãos dadas. Em “A Gênese”, esclarece que o Espiritismo só pode aparecer em meados do século dezenove, porque dependia do desenvolvimento científico: “só podia vir depois da elaboração das ciências”. (Cap. I, item 18). Como vemos, desprezar as ciências é negar as próprias condições de desenvolvimento da doutrina espírita.Não existe evidentemente, uma sujeição do Espiritismo às ciências, mesmo porque, segundo acentua Kardec, o Espiritismo é também uma ciência, aplicada ao elemento espiritual universo. Mas existe uma relação direta e necessária, que os próprios Espíritos Superiores respeitam, em suas comunicações. Isso está bem claro no item 54 do capítulo primeiro de “A Gênese”, quando Kardec declara que os Espíritos não precipitam suas revelações. “Eles não enfrentam as questões, diz o codificador – senão na medida em que os princípios sobre que tenham de apoiar-se estejam suficientemente elaborados, e bastante amadurecida a opinião para os assimilar. É mesmo de notar-se que, todas as vezes que os centros particulares quiseram tratar de questões prematuras não obtiveram mais do que respostas contraditórias, nada concludentes. Quando, ao contrário, chega o momento oportuno o ensino se generaliza e se unifica, na quase universalidade dos centros”.

Afinal “o Espiritismo evolui e tem forçosamente de evoluir, mas, dentro das leis que regem o seu desenvolvimento, nos quadros precisos da codificação kardeciana, que não é uma elaboração pessoal, como sabemos, mas um trabalho conjugado de encarnados, sob a égide do Espírito da Verdade. A codificação é a rocha em que se alicerça a doutrina, e a pedra-de-toque para verificação das “novas verdades” que forem surgindo. Sem essa base e essa medida, estaremos arriscados a fazer o Espiritismo retroceder no tempo e no espaço, a título de fazê-lo evoluir”.

J. Herculano Pires
Extraido do site FORUM ESPIRITA